Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A faltade incentivos públicos e privados e o despreparo deprofissionais nas escolas para lidar com crianças comdeficiência são alguns dos principais empecilhos para odesenvolvimento do esporte paraolímpico no Brasil.A avaliaçãoé do coordenador-geral e fundador da AssociaçãoDesportiva para Deficientes, Steven Dubner, que atua há 27anos no esporte paraolímpico. Segundo ele, 10 mil pessoasficam paraplégicas por mês no Brasil, 80% das quais vítimas de acidentes de carro e com armas defogo. “O Brasil é uma fábrica de fazer deficientes”,diz Dubner.
Para ele,a falta de informação limita o patrocínioao esporte para pessoas com deficiência no Brasil. “Os empresários não conseguem enxergaresse nicho, que ainda é inexplorado no Brasil”, afirma,lembrando que 20% das pessoas com deficiência pertencem àsclasses A e B.
Ele também critica o incentivo públicoapenas para atletas de ponta. “E as crianças? E aquelaspessoas que estão dentro de casa, que não têmcadeira de rodas, não tem uma prótese nem uma bengalapara sair na rua? Vão fazer o que? Ficar perdidas?”,questiona Dubner.
Outraquestão que deve ser revista, na opinião de StevenDubner, é o preparo dos professores para trabalhar o esportecom as crianças com deficiência nas escolas. Para ele,existe boa vontade, mas não há profissionalismo.
“Vejo muitas crianças com deficiência jogadas num canto,porque a coitada da professora não sabe nem o que fazer,porque não foi preparada para lidar com elas. Nem as outrascrianças foram preparadas”, afirma.
Dubner,que percorre o Brasil fazendo palestras motivacionais em troca decadeiras de rodas de basquete infantil, também lamenta a faltade incentivo para a aquisição dos equipamentosnecessários para a prática de esportes.
“Para osatletas de base, que estão começando, não hánada. Se não é uma ONG ajudando eles a conseguir aprimeira cadeira de rodas, é complicadíssimo, nãoexiste nenhum apoio do governo”, critica.