Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Operação Selo, da Polícia Federal, desencadeada hoje (2), prendeu cinco pessoas que participavam de esquema de corrupção. Um dos detidos é Arthur Wascheck Neto, acusado em 2005 de pagar propina ao então chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho. Um vídeo divulgado na ocasião mostrava Marinho recebendo propina de R$ 3 mil para favorecer a empresa de Arthur em um processo de licitação.O procurador da República José Alfredo de Paula disse que a operação é decorrência da divulgação da fita com Maurício Marinho. "Desde àquela época o Ministério Público e a Polícia Federal vêm trabalhando de maneira conjunta. É um trabalho silencioso. É um trabalho de muita paciência, de muito critério, que a gente vem desenvolvendo", disse. O procurador Bruno Acioli disse que tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público Federal chegaram a conclusão que a divulgação da gravação do ex-funcionário dos Correios recebendo proprina é fruto de uma briga de quadrilhas. "Nós já identificamos mais de duas dezenas de empresas envolvidas em corrupção", observou. De acordo com Acioli, a área de atuação da quadrilha era a de contratação e licitação. Entre as ações criminosas, o procurador apontou fixação de preços para escolha antecipada do vencedor. "Os membros [da quadrilha] tinham acesso a informações privilegiadas na fase pré-licitatória. Então, eles já de posse dessas informações, tinham como atuar em condições de vantagens sob os demais participantes das licitações", explicou. "A corrupção é um câncer. Você isola uma área, erradica o problema e ele surge em outro local diferente. Dizer que a corrupção terminou ou se atenuou por conta desse escândalo de 2005, não tem como ser dito. Na verdade, o que houve foi uma reposição, uma substituição das pessoas que foram alijadas dos esquemas", afirmou Acioli.De acordo com a Polícia Federal, a operação contou com a participação de 120 policiais federais, além de membros da Controladoria-Geral da União, com o objetivo de cumprir 25 mandados de busca e apreensão e cinco prisões temporárias no Rio de Janeir, Distrito Federal e Pernambuco. Segundo a PF, a organização criminosa fraudava licitações pelo menos desde 1994, utilizando empresas com diferentes personalidades jurídicas, e o principal líder, preso na ação de hoje, também já havia sido condenado pela Justiça Federal por crime semelhante em 1995.