Manifestantes pedem recuperação, em vez de transposição do rio São Francisco

12/03/2007 - 21h35

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 500 pessoas estão reunidas no acampamento Pela Vida do Rio São Francisco e do Nordeste Contra a Transposição, em Brasília. Representantes de movimentos sociais e de comunidades da bacia vieram à capital pedir a revitalização do RIO e o fim do projeto de transposição do governo federal que desviará rios para interligar bacias do Nordeste.“O projeto de transposição não pode ser feito. Ele é contra o próprio objetivo de levar a água e resolver déficit hídrico do nordeste brasileiro”, disse o sociólogo Rubem Siqueira do projeto Articulação do São Francisco Vivo.Siqueira afirma que há propostas alternativas para abastecimento e distribuição de água na região. Algumas foram apresentadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pela Articulação do Semi-Árido (ASA), entidade que reúne organizações da sociedade em defesa e promoção do desenvolvimento da região. "Para a zona rural, temos as alternativas da ASA. Mais de quarenta atividades de tecnologia social simples e econômicas que descentralizam o acesso à terra e à água", disse.As obras recuperação do rio poderiam ser realizadas com R$ 3,5 bilhões, segundo Siqueira. O valor é metade do dinheiro previsto para a transposição orçada em R$ 6,6 bilhões.A transposição fará ainda com que os moradores da região paguem mais caro pela água, afirma o sociólogo. Siqueira afirma que o projeto de transposição prevê reajuste do preço da água. Segundo ele, os moradores de Petrolina, em Pernambuco, que pagam hoje R$ 0,02 pela água, passariam a desembolsar R$ 0,11.Marcus Sabaru é cacique da etnia Tingui Boto. Ele é um dos cerca de 200 milhões de pessoas que moram na bacia do rio. Para ele, o projeto de transposição vai afetar o modo de vida das comunidades. “O rio é mais que uma extensão, um espaço geográfico. Ele é o indígena, os quilombolas, as rendeiras, os pescadores, os ribeirinhos. É todo uma cultura”, afirmou.O sociólogo Rubem Siqueira, o cacique Marcus Sabaru e os outros 500 manifestantes vão ficar em Brasília até esta sexta-feira. Eles devem participar de reuniões com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Estão marcadas para quarta feira (13) reuniões com a ministra Marina Silva do Meio Ambiente e uma audiência com representantes do Ministério Público Federal. Também está previsto para quinta-feira (14) um encontro com a comissão de meio-ambiente da Câmara dos Deputados.