José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A 53ª legislatura do Congresso Nacional, que começa amanhã (1º), tem um perfil mais conservador em comparação com a legislatura que agora termina, na avaliação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). A entidade, que acompanha a atividade parlamentar desde os anos 80, percebe uma ampliação dos profissionais liberais e dos empresários entre os parlamentares, tanto no Senado como na Câmara, o que resultou numa diminuição do número de assalariados.Isso, em tese, de acordo com o Diap, pode significar decisões legislativas mais voltadas para a área econômica, distanciando-se de medidas para o campo social. “Teremos no Congresso um perfil mais liberal do ponto de vista econômico e mais conservador do ponto de vista social. A nova legislatura não traz muitos parlamentares oriundos dos movimentos sociais e com uma trajetória política vinculada às questões populares”, explica o diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto Queiroz.Segundo ele, a maioria dos futuros congressistas está associada ao setor produtivo e vinculada aos governos e à máquina pública, sem uma visão social “mais aguçada”, que busque canalizar as energias para a articulação e a defesa de políticas públicas voltadas para os mais necessitados. “Essa maioria vai estar preocupada com as questões de desenvolvimento, de crescimento econômico, e melhores condições para que o capital possa se reproduzir do que distribuir renda. Esse é o novo perfil”, avalia Queiroz.Se esse perfil “aflorará" ou não, prossegue o diretor do Diap, vai depender da agenda do presidente da República, uma vez que o Congresso aprecia as matérias enviadas pelo Executivo. “Se o Lula tivesse um perfil conservador, haveria risco de retrocesso. Mas, como o presidente assumiu compromissos explícitos de que iria ampliar as políticas públicas para a área social, a tendência é que não haja um retrocesso", dis ele. "Mas também não se tem a expectativa de avanços dada essa composição conservadora da maioria. Haverá um meio termo.”Os profissionais liberais formam a categoria mais numerosa na nova Câmara: 265, num total de 513 deputados. São, em sua maioria, advogados (87), médicos (54) e engenheiros (47). Em seguida, aparecem os empresários, com 120 representantes (96 urbanos e 24 produtores rurais). O terceiro grupo é de assalariados urbanos (professores, servidores públicos, bancários, policiais etc.), num total de 88. O bloco seguinte é de operários urbanos e rurais (agricultores, metalúrgicos etc.), com 19 deputados.No Senado, esse quadro não difere. Dos 81 parlamentares, 33 são profissionais liberais – advogados (12), engenheiros (8), médicos (5) etc. A segunda maior representação é a de empresários. São 26 senadores - a maior parte, do Nordeste.