No novo Congresso, ruralistas mantêm força e evangélicos perdem espaço, segundo Diap

31/01/2007 - 19h43

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Duas das bancadas mais atuantes no Congresso Nacional, conhecidaspor trabalharem como grupos suprapartidários de pressão, perderamcadeiras na nova legislatura que começa hoje (1º). Entretanto, umadelas deve manter sua força, os ruralistas, pois “ganhou emqualidade”; a outra, os evangélicos, diminuiu e pode ter perdido opoder de “barganha”.Essa avaliação é do DepartamentoIntersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e foi feita a partir domapeamento do perfil dos deputados e senadores, eleitos e reeleitospara o período 2007-2010. O estudo foi publicado na revista Radiografiado Novo Congresso, publicada em novembro do ano passado.Os ruralistas eram 111 até hoje (31).Perderam nove cadeiras e estão assim distribuídos: 86 deputados e 16senadores, na avaliação do Diap. O grupo prioriza as pautas do setor empresarial rural.Segundo o diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto Queiroz, abancada diminuiu numericamente, mas isso não quer dizer que perdeu suacapacidade de pressão.“Esse grupo perdeu em quantidade, masganhou em qualidade. Reelegeu todos os seus coordenadores, há o retornode ex-parlamentares com forte influência na bancada, e soma-se a issoa chegada de lideranças que não exerciam cargos públicos”, destacaQueiroz. Como exemplo desta categoria, ele cita o deputado eleito Homero Pereira(PPS-MT), líder do “tratoraço” em maio de 2005 e do fechamento derodovias no país um ano depois. “É uma bancada que vem reforçada e que deve dar muito trabalho ao governo”, prevê o diretor do Diap.Jáa bancada evangélica chega menor e mais fraca ao novo Congresso, diferentemente doque vinha acontecendo nas três últimas eleições. Foi a que mais perdeucadeiras entre os grupos organizados que atuam no legislativo federal,como dos sindicalistas, da saúde, da educação, dos meios de comunicaçãoe dos empresários – essa é a maior bancada, com 120 parlamentares (eram102), mas reúne adeptos de outros segmentos.De acordo comQueiroz, a série de escândalos envolvendo bispos e pastores foi oprincipal fator de “encolhimento” do grupo, que professa a fé segundo adoutrina evangélica. Eram cerca de 60 (o Diap não tem o número preciso)e ficaram reduzidos a 36 membros.“Muitos desistiram dacandidatura ou tiveram seus nomes vetados pelas igrejas. Outrostentaram a reeleição, mas foram barrados nas urnas. A maioria estavadistribuída pelos três partidos fortemente afetados pelo ‘mensalão’, oPL, o PTB e o PP”, completa.