Empresas não têm interesse em 90% das rodovias, estima confederação

31/01/2007 - 13h29

Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - O Brasil possui cerca de 80 mil quilômetros de rodovias federais. Quatro mil quilômetros estão privatizados, ou seja, sob administração de empresas privadas que receberam a concessão do governo federal.Por questões de "viabilidade econômica", apenas 3 mil quilômetros a mais podem seguir o mesmo caminho, pelos cálculos do presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade."Então, pelos números já se vê que isso não resolverá a questão, pois isso representa apenas cerca de 10% do total da malha”, disse Andrade, em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.“Há o interesse somente nesses 10% de todo o sistema rodoviário, pois orestante não apresenta viabilidade econômica, ou seja, o fluxo deveículos para o pagamento de pedágio não seria suficiente para amanutenção daquela rodovia.”Para o presidente da CNT, a privatização das rodoviais não pode ser vista como a única solução, nem como a solução definitiva para o sistema rodoviários brasileiro. Os investimentos públicos, segundo ele, são essenciais.Clésio Andrade afirmou que nos últimos 15 anos as rodovias federais deixaram de receber investimentos significativos. Ele acredita que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é a tentativa mais "audaciosa" de melhorar a situação.Entre as ações positivas previstas no programa, o presidente da CNT destacou a duplicação de 3 mil quilômetros de rodovias. Como trechos prioritários para obras, a confederação cita a BR-135 e as rodovias federais naregião de Minas Gerais e nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.        O PAC prevê 55,4bilhões para investimentos no setor de transportes até 2010. Estão programadas obras em 45.337quilômetros de rodovias. Cerca de 42 mil quilômetros receberão melhorias porações do próprio governo e, o restante, do setor privado.No início do mês, antes do lançamento do PAC, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o governo irá avaliar com calma um novo modelo de concessão de rodovias federais. A expectativa das empresas era a de que, no final do ano passado, fossem lançados os novos editais de concessão das rodovias."Queremos que a iniciativa privada participe, que tenhaPPP (parceria público-privada). Temos por objetivo a menor tarifapossível, ou seja, aquela tarifa que ao garantir retorno adequado para oconstrutor seja capaz de também viabilizar setores produtivos como osconsumidores", afirmou a ministra-chefe da Casa Civil.