Catadores de materiais recicláveis são despejados de área pública do DF

31/01/2007 - 17h14

Paula Renata e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 250 famílias de catadores de materiais recicláveis foram retiradas hoje (31) de uma área pública no Distrito Federal, localizada no Setor de Inflamáveis. Além de morar, os catadores trabalhavam no local em uma cooperativa criada há quatro anos, a Coopativa.A remoção das famílias começou por volta de 7h, em uma ação conjunta das Polícias Militar e Civil do Distrito Federal, além do Corpo de Bombeiros e da Vara da Infância e Juventude de Brasília. Cerca de 400 policiais participaram do despejo, coordenado pelo Serviço Integrado de Vigilância do Solo (Siv-Solo) do DF.Durante a remoção, agentes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho cadastraram as famílias, ofereceram vaga em albergue de Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal, e um auxílio de R$ 216 para passagens interestaduais.Muitas famílias resisitiram à retirada e foram ameaçadas de prisão. “Vamos ficar aqui, não temos para onde ir, não vamos para o albergue e precisamos trabalhar”, diz a catadora Lindaura dos Santos, mãe de quatro filhos. De acordo com o presidente da cooperativa, Marcelo Ricart, as famílias não foram avisadas previamente do despejo. “Os associados têm condições de ter moradias legalizada, o nosso cadastro já está aprovado pelo governo [do Distrito Federal] passado e o governo atual não respeitou essa norma", protesta Ricart. As famílias de catadores estão neste momento na Vara da Infância e Juventude de Brasília. Não há ainda definição sobre o local onde elas serão alojadas. O conselheiro tutelar de Brasília, Rafael Madeira, criticou o despejo sem uma negociação com os catadores e elaboração de um projeto de moradia e geração de renda. De acordo com ele, a maior parte das famílias estava no local há quase dez anos, vindas principalmente da Bahia e Pernambuco, e morando em casas de madeirite."Em dois dias de paralisação, são 60 toneladas de lixo que a cooperativa deixade comercializar. Além de moradia, esse é umespaço de geração de renda, onde os catadores mantêm os filhos com vários direitos básicos atendidos, apesar do saneamento precário. Todas as crianças estão matriculadas em escolas da região",  afirma o conselheiro tutelar. Segundo os catadores, a Coopativa desenvolve projetos em parceria com os Ministérios do Desenvolvimento Social, Cidades e Ciência e Tecnologia.Também apóiam a cooperativa a Fundação Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Caixa Seguros, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), a Universidade de Brasília (UnB), a Cáritas Brasileira, o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua e a Organização Não-Governamental Moradia e Cidadania.