Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Fundação Zerbini, Adelmar Sabino, informou hoje (16) que pretende se reunir na próxima semana com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Saúde, Agenor Álvares, para tentar resolver a situação do Instituto do Coração (Incor). Em São Paulo, por telefone, Sabino disse que também buscará em Brasília a ajuda de parlamentares.O Instituto tem sede em São Paulo e uma unidade em Brasília, ambas deficitárias. A dívida chega a R$ 245 milhões, a maior parte com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Embora seja um hospital de referência, especializado em cardiologia e muito procurado por pessoas de alto poder aquisitivo, 80% do atendimento do Incor são para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).Sabino lamentou não ter sido convidado para a reunião realizada hoje (16), em São Paulo, entre Mantega e o governador paulista, Cláudio Lembo. No encontro, nem o governo federal nem o estadual se dispuseram a injetar recursos para saldar a dívida.“Nenhum representante da fundação foi convidado, o que gerou desinformação para o ministro Mantega, que não teve acesso aos dados reais da instituição. É importante que tenhamos uma reunião para esclarecer isso, da qual também pode participar o ministro da Saúde", disse Sabino. A Fundação Zerbini divulgou nota à tarde, lamentando a ausência no encontro e negando que os problemas do Incor sejam fruto de má gestão.Segundo Sabino, os problemas começaram com a construção do prédio anexo do Incor, durante a gestão do então governador Mário Covas. “Nós combinamos verbalmente, com o Covas, que os investimentos seriam ressarcidos pelo estado de São Paulo, mas ele faleceu e nós acabamos tendo de arcar com os custos da construção, que chegaram a R$ 200 milhões”, contou.De acordo com o presidente da fundação, se não houver uma solução nos próximos 15 dias, poderão ocorrer novas demissões, atingindo inclusive médicos e enfermeiros, o que comprometeria diretamente o atendimento à população.Quanto ao Incor de Brasília, que deve R$ 30 milhões, Sabino disse acreditar que a situação estará equilibrada até o final do ano: “É uma instituição jovem, com apenas dois anos de funcionamento, que pode reduzir as despesas e dobrar a capacidade de atendimento, aumentando a receita”.O secretário de Saúde do Distrito Federal, José Geraldo Maciel, dispôs-se a aumentar o número de pacientes encaminhados ao Incor, podendo ultrapassar o teto de repasses do SUS, que é de R$ 800 mil por mês. “Queremos participar deste resgate do Incor, que não atende apenas a pacientes do Distrito Federal, mas também de diversos outros estados, pois é um centro de excelência médica”, disse. O Incor de Brasília tem 560 funcionários e já fez mais de 30 mil procedimentos entre consultas, exames e cirurgias cardíacas. Segundo o secretário de Saúde, só em setembro foram feitas 68 cirurgias. O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, César Galvão, afirmou que o instituto é fundamental para a rede de saúde local, pois detém um alto nível de especialização. E acrescentou: “Se a crise não for solucionada logo, quem mais vai sofrer é a população de baixa renda, que depende unicamente do SUS".