Fazendeiro ameaça familías sem-terra de acampamento em Minas Gerais

16/11/2006 - 21h52

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Famílias sem-terra do acampamento Terra Prometida, na cidade de Felisburgo (MG), estão sendo ameaçadas por um fazendeiro da região, segundo informou o relator Nacional para os Direitos Humanos a Alimentação, Água e Terra, Flávio Valente, da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca). Hoje (16), ele foi ao local acompanhado de um grupo de parlamentares e representantes da sociedade civil, para verificar as condições em que vivem essas famílias. No acampamento, no dia 20 de novembro de 2004, cinco pessoas morreram e 15 ficaram feridas após ataque de 18 pistoleiros sob o comando do fazendeiro Adriano Chafik Luedy. Tanto os sem-terra quanto Luedy diziam ter direito à área. Segundo o relator, "têm ocorrido problemas em relação ao transporte escolar das crianças do acampamento, os professores maltratam as crianças e as estradas que dão acesso ao local estão ruins". O prefeito, acrescentou, não resolve esses problemas por temer conflito com o fazendeiro. "Essa é uma situação inadmissível, porque há uma evidente omissão do Judiciário e uma submissão do Executivo municipal. Aparentemente, o prefeito deve favores ou se sente submisso aos interesses do Adriano Chafik, que parece ter poderes sobre ele”, afirmou Valente.Ainda de acordo com o relator, as lideranças do acampamento "sofrem ameaças dos capangas do Adriano" e muitas famílias já deixaram o local: "Havia 120 famílias na época da chacina e hoje são 45". O fazendeiro foi preso preventivamente, sob a acusação de ser o mandante do crime de 2004, mas está solto e não há data marcada para o julgamento, acrescentou Valente.A questão será discutida amanhã (17) em audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Os resultados serão levados ao Ministério Público Estadual, ao Ministério Público Federal e também à Organização das Nações Unidas, informou o relator.