Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Nery, considera “notável” a participação do setor de telefonia fixa e móvel no processo de inclusão social no país. Na avaliação dele, entre todos os bens de consumo (geladeiras, televisões, fogões e outros) apurados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, os mais expressivos foram os relativos à telefonia móvel e ao número de computadores ligados à internet.Segundo ele, o crescimento na venda de celulares e computadores vem puxando a expansão do segmento de bens de consumo na última década. “Nos últimos dez anos, é notável o aumento da inclusão de telefone e de celular no território nacional. E isso está diretamente ligado ao processo de privatização das empresas no final da década de 90 e a ações no sentido de expansão do setor”.Por outro lado, Nery ressalta que as mesmas desigualdades observadas para o conjunto do país no que diz respeito aos níveis de renda e de escolaridade, bem como à distribuições geográfica, também persistem no acesso à telefonia.“Como o Brasil é um país muito desigual, a gente observa grandes disparidades no acesso a esses bens. A PNAD de 2005 indica que hoje, a nível individual, 36% dos brasileiros têm acesso a celular, mas isso ainda varia muito de acordo com a região, com o nível de educação e renda”.Com base na PNAD de 2005, o economista diz que, entre os analfabetos ou as pessoas com renda abaixo de 1,4 salário mínimo, menos de 12% tem acesso ao telefone celular. Já entre as pessoas com ensino superior completo ou com renda domiciliar per capita igual ou maior a cinco salários mínimos o percentual passa dos 82%.“A taxa de acesso ao telefone celular, apesar de este já ser um bem muito menos de luxo que no passado, ainda sofre influencia da renda. E favorece muito mais as regiões Sul e Sudeste - e até mesmo o Centro-Oeste, onde a taxa de acesso é acima de 40% - que a região Nordeste, onde a taxa de acesso é de 23%”.Nery acrescenta que o telefone celular pode ser considerado um bem importante para o aumento da produtividade das pessoas, principalmente as mais pobres. “Um trabalhador autônomo que tem acesso a um celular pré-pago, que é muito barato, pode vender seus serviços a um número muito maior de pessoas", avalia. Esta realidade torna os trabalhadores mais pobres mais competitivos”.