Recursos do BNDES para telecomunicações geraram R$ 30 bilhões em compras do setor no mercado interno

16/11/2006 - 9h22

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Desde 1999, com a efetivação do processo de privatização dasempresas de telecomunicações do país, o Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) destinou ao setor R$ 18 bilhões. Esse desembolsolevou a uma contrapartida de cerca de R$ 30 bilhões gastos pelas empresas nacompra de bens e serviços em empresas nacionais.A informação é do chefe do Departamento de Telecomunicaçõesdo BNDES, Alan Fischler. Ao justificar o alto volume de investimentosdestinados ao setor, Fischler garantiu à Agência Brasil que o montantedesembolsado para as empresas de telecomunicações é “proporcional” àcontrapartida do setor, que se compromete a investir em bens e serviçoscomprados de empresas brasileiras.“As empresas de telecomunicações investem muito e o que agente faz é desembolsar um percentual desses investimentos - que nósclassificamos de financiáveis - que são exatamente os investimentoscomprometidos com a aquisição de equipamentos e serviços nacionais”.O executivo do BNDES ressalta o fato de o percentual dacontrapartida ter variado ao longo dos últimos oito anos. “Em média, os R$ 18bilhões que nós destinamos ao setor de 1999 para cá, representaram 60% do totaldo que as empresas investiram em equipamentos e serviços nacionais. Istosignifica que as empresas, como contrapartida, desembolsaram R$ 30 milhões queforam utilizados na compra de equipamentos e serviços nacionais”.No caso especifico da Telemar, para quem o BNDES anunciou aaprovação de desembolsos de R$ 2,4 bilhões a serem liberados em três parcelasaté 2008, o grupo deverá entrar com uma contrapartida de investimentos de R$6,7 bilhões para o triênio.“Neste caso especifico, o BNDES liberou desde 1988 o grupoR$ 6 bilhões, mas os investimentos feitos pelas empresas ligadas ao grupo noperíodo totalizaram R$ 28 bilhões”.Alan Fischler lembra que por serem empresas multinacionais,em sua maioria, é comum a concessão de financiamentos que trazem embutidoscontrapartidas e compromissos de aquisições de equipamentos e serviços junto aempresas ligadas ao país concedente do crédito. Segundo ele, a idéia que estápor traz disso é que a maioria dos fornecedores dos softwares adotados pelasempresas de telecomunicações são multinacionais, que também trazem ofertas definanciamentos embutidos, normalmente pelos bancos dos países de origem.“O que o BNDES faz é vincula o seu financiamento a aquisiçãode equipamentos e serviços nacionais e, desta forma, estimular a que asempresas de telefonia adquiram produtos fabricados no Brasil. Isto gera empregoe renda, uma vez que a indústria eletrônica envolve uma cadeia de fornecedoresmuito grande”.Mesmo admitindo o fato de que a universalização dos serviçosde telefonia, no caso específico do Grupo Telemar, é uma questão fixadacontratualmente por ocasião das privatizações das empresas do setor, o chefe dodepartamento de Telecomunicações do BNDES acredita que a aprovação dessesdesembolsos pelos bancos leva a que as empresas tenham “mais apetite” para seendividar.“Pode-se dizer que, se não fosse o financiamento do BNDES,eventualmente essas empresas teriam restringido um pouco mais os seusinvestimentos, embora as metas de universalização sejam metas contratuais e queteriam, ou terão, que serem cumpridas normalmente. O grande mérito da nossaintervenção foi o de capitalizar para que grande parte destes investimentosviesse para a industria nacional”.Fischler lembrou que no período anterior ao dasprivatizações dos setores existiam no Brasil um número muito reduzido detelefones celulares e mesmo os telefones fixos não passavam de 10 a 15 milhões.“ Hoje existem no Brasil cerca de 40 milhões de linhas fixas e o número detelefones celulares passa dos 100 milhões de celulares – houve, portanto, umaumento expressivo”.