Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente interino do Partido dos Trabalhadores (PT),Marco Aurélio Garcia, enfatizou hoje (16) o desejo da comissão política dopartido de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantenha um governo decoalizão no segundo mandato. “O nosso único desejo é o de que o próximo governoseja um governo de coalizão, um governo no qual seja reconhecida a importânciado Partido dos Trabalhadores como a de outros partidos que participaram dessacoalizão”, disse Marco Aurélio, ao deixar o Palácio do Planalto, ondeparticipou, junto com outros representantes da comissão política do partido, deuma reunião com o presidente Lula.Sobre o espaço que a legenda gostaria de terno próximo governo, Marco Aurélio disse que o PT deseja “o espaço necessário, oespaço que corresponda à força política de um partido de grande peso, queelegeu o presidente da Republica, que teve a maior votação para a Câmara dosDeputados, que elegeu cinco governadores, e que ademais imprimiu, em grandemedida, orientações para a campanha eleitoral de Lula”. Garcia reiterou que este espaço não pode ser medido de formaquantitativa ou geométrica. “O espaço de um partido não se mede pelo número deministérios ou de cargos. Mede-se, fundamentalmente, pelo engajamento dessegoverno com a política, e nós nos sentimos absolutamente representados nessegoverno pelas políticas que irá desenvolver. Nós estamos aqui manifestando aconfiança de que o presidente saberá contemplar não só o PT, mas todos ospartidos que fazem parte da coligação”. Marco Aurélio disse que o assunto “cargos” não fez parte dapauta de discussão com o presidente nesta quinta-feira. “Não viemos aqui parareivindicar cargos ao presidente Lula e nem para discutir questões do varejopolítico, mas sim para tratar de questões relativas ao segundo mandato dogoverno”, afirmou. “No regime presidencialista, quem escolhe o governo é opresidente da República. Lula tem o nosso apoio e a nossa confiança para comporo ministério, como teve no primeiro governo”.Sobre o espaço que o PMDB deveria ocupar no próximo governo,o presidente interino do PT disse que “hoje há uma disposição e um interessenão só do presidente, mas também por parte do PT, que o PMDB, por exemplo,possa integrar o governo não só como uma facção, mas como um partido com todosos compromissos. Compromissos esses de ordem programática e de apoio noCongresso Nacional”. E reiterou que o PMDB para o Partido dos Trabalhadores nãoconsiste em nenhum problema. “O PMDB, para nós, é uma grande solução, e é assimque nós queremos que o nosso governo venha a se constituir. Um governo de coalizãocom o PMDB e com outros partidos da base aliada também”.Indagado se aprovara ou não a iniciativa da senadora IdeliSalvatti (PT-SC) de reivindicar para seu partido a liderança do Senado, e se a reivindicaçãoteria trazido problemas para o PT, ele respondeu que “a senadora Ideli nuncaatrapalha. Ela, aliás, é um ativo que o partido tem. Ela expressou o seu pontode vista, e me parece que não é um problema relevante”. Durante o encontro da comissão política do PT com opresidente Lula, que durou cerca de duas horas, foi reiterado ao presidente o convite para participar da reunião do Diretório Nacional, prevista paraacontecer nos próximos dias 25 e 26, em São Paulo. Lula anunciou sua disposiçãode participar do encontro, anunciou Marco Aurélio. “Nesta reunião será feitauma análise do significado da vitória do presidente Lula e do novo período quese abre para o país do ponto de vista econômico e político”.O presidente Lula, segundo Garcia, enfatizou a disposição defazer com que a economia do país possa ter um crescimento maior do que nosúltimos quatro anos e que o governo e o PT se reúnam com maior freqüência apartir de 2007. “De agora em diante ficou acertado que teremos umrelacionamento mais regular e freqüente com o presidente da Republica e osmembros do governo, para que tenhamos a possibilidade de trazer aqueles insumospara as grandes questões estruturantes do país”, afirmou Garcia.