Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A doação de dinheiro por empresas privadas para a campanha de candidatos a cargos públicos é um “tráfico de influência”, considera Eliana Graça, do Fórum Brasil de Orçamento. “A empresa banca a campanha mas quer um retorno”, critica a secretária-executiva do Fórum, rede de entidades que acompanha os gastos do Estado.Graça lembra que muitas empresas doadoras de dinheiro são prestadoras de serviços para o Estado, como as construtoras e siderúrgicas. Segundo ela, isso é uma “promiscuidade”. “Não há clareza da relação entre financiador e o candidato”, critica.Além do conflito de interesses, Graça considera que a doação de empresa torna “totalmente desigual” a luta política. “Os atores da sociedade que não têm dinheiro para doar aos candidatos têm um peso menor de negociação”, critica.No financiamento privado, predomina o poder econômico, em que os candidatos com campanhas mais caras têm mais condições de se eleger. E, para isso, precisam de mais doações.O Fórum Brasileiro de Orçamento é uma das 20 organizações que está elaborando o projeto “Reforma Política: Construindo a plataforma dos movimentos sociais”. O documento, que será entregue ao Congresso Nacional, tem propostas de como tornar a política brasileira mais democrática.A principal proposta para a legislação eleitoral é o fim das doações para candidatos. As entidades querem que seja permitido apenas o financiamento público de campanha.