Daniel Merli e Patrícia Landim
Da Agência Brasil
Brasília - De cada R$ 100 gastos pelos candidatos na campanha deste ano, pelo menos R$ 10 vieram dos cofres de empresas do setor de construção, siderurgia, agronegócio ou bancos. Os quatro setores foram os principais doadores declarados pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).O balanço ainda é parcial, já que quase 40% dos candidatos não entregaram sua declaração. Também não leva em consideração quem doou dinheiro para as campanhas presidenciais, dado ainda não divulgado.Com base nos dados do TSE, a Agência Brasil selecionou as doadoras por categoria. As quatro maiores foram R$ 66,3 milhões das construtoras, R$ 21,6 milhões das siderúrgicas, R$ 19,6 milhões do agronegócio e R$ 17,8 milhões do mercado financeiro. Somente esses setores responderam por 10% da arrecadação de campanha O financiamento de empresas privadas à campanha de candidatos a cargos públicos é criticado por um grupo de 20 entidades da sociedade civil. Reunidas, elas estão elaborando um projeto de reforma política, a ser apresentado ao Congresso Nacional, que extingue a doação privada. “Na prática, isso é tráfico de influência porque a empresa banca a campanha mas quer o retorno”, critica Eliana Graça, do Fórum Brasileiro de Orçamento uma das organizações que elaboram o projeto “Reforma Política: Construindo a plataforma dos movimentos sociais”. Alguns movimentos sociais também criticam as doações, por considerá-las formas das empresas garantirem privilégios no tratamento do Estado.Algumas das principais empresas doadoras afirmam que o financiamento é transparente e feito dentro da legislação. O banco Itaú, que juntamente com o Unibanco foi o principal doador do mercado financeiro, afirma que seu apoio às candidaturas “se insere no conceito de responsabilidade da empresa com a democracia e de comprometimento com o desenvolvimento do País”. A Aracruz, uma das principais financiadoras do setor de agronegócio, afirma que a doação é uma contribuição ao “amadurecimento do processo democrático”.