Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pelo microfone, o piloto avisa os passageiros que esperam a partida para São Paulo: as decolagens estão acontecendo de 20 em 20 minutos, e o avião é o 15º da fila. Se suas contas estão certas, serão 5 horas de espera. “Por que não fizeram isso antes?”, questiona em entrevista Sérgio Santos, o piloto, sobre os procedimentos adotados pelos controladores de tráfego aéreo, que estão gerando atrasos em parte dos principais aeroportos do país.“Isso começou depois do acidente [com o vôo 1907 da Gol, em 29 de setembro], e mostra que eles já operavam errado antes”, diz Santos à Agência Brasil. “Agora, querem parar para o público, e isso causa problemas para o usuário e para os pilotos. Eu não sei se eles estão brigando por melhoria salarial ou por melhores condições de trabalho.”A aeronave do vôo 1937, pilotada por ele, já saiu de Cuiabá uma hora e quarenta minutos atrasada, por conta do mau tempo em São Paulo, de onde partiu para lá. Chegou às 21 horas a Brasília, onde faz escala antes de retornar à capital paulista.Hoje (31), sexto dia de atrasos em aeroportos, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, reconheceu que os controladores estão aumentando a separação entre as aeronaves, para poder “suportar a demanda”, mas negou que isso seja uma operação-padrão, protesto em que os funcionários fazem estritamente aquilo que está estabelecido no regulamento da empresa.