Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os 2.100 hospitais filantrópicos e Santas Casas precisam do apoio do governo federal para evitar que o sistema de atendimento entre em colapso nos próximos anos. A avaliação é do presidente da Confederação Nacional das Santas Casas, Antônio Brito. Segundo Brito, a pesquisa divulgada hoje (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelando a diminuição de 30 mil leitos hospitalares no país nos últimos quatro anos, reflete a crise do sistema. A redução das vagas, na avaliação dele, deve-se à retração do setor privado, sem condições de acompanhar o aumento nos custos.“Desde o Plano Real [1994] até o ano passado, os custos hospitalares aumentaram 366%, enquanto a tabela do Sistema Único de Saúde [SUS] teve reajuste de apenas 37%”, informou.Brito disse que ter esperança de que nos próximos quatro anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja oferecida uma solução concreta para os hospitais filantrópicos e Santas Casas, responsáveis por 40% das internações pelo SUS. "É uma boa oportunidade para desenvolvermos uma nova linha de atuação conjunta. Precisamos de R$ 200 milhões imediatos, refinanciamento dos débitos com a Previdência, linhas de crédito e 40% de reajuste linear nos valores pagos pelo SUS para consultas médicas, internações e cirurgias”, disse.De acordo com o levantamento do IBGE, o número de leitos por mil habitantes caiu de 2,7, em 2002, para 2,4 neste ano – abaixo da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2,5 a 3 leitos para cada grupo de mil pessoas. A pesquisa aponta que o setor público registrou aumento de 1,8% no número de leitos, enquanto na rede privada houve redução de 4,9%. Ainda assim, os hospitais privados são responsáveis por 66,4% dos cerca de 450 mil leitos no país.Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, César Galvão, a solução para o problema passa pelo aumento da tabela do SUS. “A rede privada é forçada a fechar leitos para se adequar ao mercado, pois é grande o número de pessoas que deixam de pagar os planos de saúde e migram para o atendimento público”, explicou. E comparou: “O SUS paga apenas R$ 7 por consulta e os planos de saúde reembolsam o médico em R$ 42”.