Greenpeace diz que sociedade não foi ouvida sobre nova MP dos transgênicos

01/11/2006 - 23h34

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - O engenheiro agrônomo Ventura Barbeiro, representante daorganização não-governamental Greenpeace, afirmou hoje (1) que a MedidaProvisória 327, publicada ontem (31) no Diário Oficial da União, foidecidida sem que a sociedade civil pudesse opinar. A medida permite aplantação de organismos geneticamente modificados, os chamadostransgênicos, em áreas de proteção ambiental. Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que "mais uma vezfoi aprovada uma medida para beneficiar aqueles que trabalham contra alei". E acrescentou: "As mudanças vieram por MP para modificar a lei [nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003]e a sensação de impunidade é grande É a sociedade que perde”. Segundo Barbeiro, a plantação da soja transgênica resistente aodefensivo agrícola Roundup (RR) e do algodão transgênico inseticidapodem representar grande impacto sobre os solos. Também podem serprejudiciais às áreas de conservação em que a MP permite o plantio –áreas de proteção ambiental (APAs) e zona de amortecimento (faixa deproteção, cuja largura varia) de outros tipos de unidades deconservação. Ele explicou que as variedades utilizam agrotóxicos, que podemcontaminar o meio ambiente. E lembrou que a Lei 9.885, de julho de2000, que regulamenta o Sistema Nacional de Unidades de Conservação daNatureza, antes proibia o plantio de transgênicos nessas áreas. “A lei previa a ocorrência de atividades econômicas que não causassemdegradação às unidades de conservação, por isso a agricultura ecológicaera incentivada. Então o agricultor se beneficiava desse ambientepreservado e não causava impacto à natureza”, disse Barbeiro.