Abrir empresa no Brasil leva o dobro de tempo do que em outros países latino-americanos

07/09/2006 - 18h46

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No Brasil, leva-se cerca de 5 meses para abrir uma empresa (152 dias) – mais que o dobro do tempo médio nos demais países latino-americanos, que é de 73,3 dias. Nos países desenvolvidos, o prazo para abertura de empresas é de 16,6 dias. Os dados estão constam no relatório Fazendo Negócios 2007: Como reformar, do Banco Mundial e da International Finance Corporation.A burocracia é o maior vilão para a abertura de novos negócios no Brasil. Aqui, o processo todo envolve 17 etapas, contra uma média de 10,2 na América Latina e 6,2 nos países desenvolvidos. O custo, em compensação, é bem menor que no restante da região: 9,9% da renda per capita, contra 48,1% nos vizinhos latino-americanos.Registrar direitos de propriedade, no Brasil, também envolve grande burocracia – o número de procedimentos, nestes casos, é de 14, mais que o dobro das 6,6 etapas exigidas nos demais países da região. Apesar disso, é possível registrar propriedade em cerca de um mês e meio. No restante da América Latina, a demora é de 77,4 dias.Outro fator que complica o ambiente de negócios no Brasil, segundo dados do Banco Mundial, é a dificuldade que empregadores enfrentam para contratar. Numa escala de 1 a 100, o índice de dificuldade, aqui, é de 67, contra uma média de 34 na região e de 27 nos países desenvolvidos. O custo de contratação também é mais alto: 37,3% do salário, frente aos 12,5% registrados nos demais países latino-americanos.Demitir, porém, é bem mais fácil no Brasil. O índice de dificuldade de demissão, aqui, é zero. Na região, tal índice é de 26,5, na escala de um a cem – bem próximo aos 27,4 das nações desenvolvidas. Os custos de demissão também são menores: equivalem a 36,8 semanas de salário, enquanto no restante da região esse custo é de 59 semanas.A tributação de empresas de porte médio, no Brasil, é bem acima da média mundial. Aqui, embora o número de tributos seja de 23, contra 41,3 na região e 15,3 nos países desenvolvidos, o total de impostos a pagar corresponde a 71,7% da renda. Nas demais economias latino-americanas a tributação consome 49,1% da renda. Nas nações desenvolvidas, 47,8%. Por fim, a burocracia para o pagamento de tributos é mais um fator que deixa o Brasil em desvantagem: exige 2600 horas, frente a 430,5 nos outros países da América Latina e 202,9 horas nas economias desenvolvidas.