Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - As ações da Pastoral da Criança, organização comunitária ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que atualmente beneficia 100 mil meninos e meninas menores de seis anos em duas mil comunidades de baixa renda de Pernambuco, serão ampliadas em 50% nos próximos três anos.
A meta foi anunciada hoje (24) pela médica Zilda Arns, coordenadora nacional do programa. Lançado há 23 anos, o programa tem o objetivo de favorecer o desenvolvimento de crianças oriundas de famílias pobres, por meio de ações de saúde, nutrição, educação e cidadania. Zilda Arns veio a Recife para participar de uma série de eventos que prosseguem até sábado (26), incluindo encontros com autoridades, visitas a presídios, palestras e missas, para comemorar os 20 anos de atuação da Pastoral em Pernambuco.
Segundo a médica, as ações da Pastoral, que abrangem 154 dos 184 municípios pernambucanos, conseguiram reduzir em mais de 60% os índices de mortalidade infantil no estado. Ela disse que, em nível nacional, cinco mil crianças que nasceram com baixo peso e tinham problemas de desnutrição, nos últimos anos, conseguiram sobreviver em função do trabalho desenvolvido por 266 mil voluntários. As famílias acompanhadas pela Pastoral recebem, mensalmente, a visita dos voluntários, que dão orientações sobre a importância do aleitamento materno, controle de doenças respiratórias e diarréias, sobre o uso do soro caseiro e prevenção de acidentes domésticos.
Para Zilda Arns, o desafio da Pastoral agora é promover atividades voltadas para a melhoria do desempenho educacional na infância, com a intenção de criar uma cultura de paz no Brasil. "O que pode resolver o problema da pobreza e da violência no país é a educação, que começa no ventre materno. Queremos fazer um trabalho no sentido de mostrar aos pais que crianças maltratadas podem se transformar em adultos criminosos", declarou.
O maior apoiador da Pastoral da Criança é o Ministério da Saúde, que disponibiliza todo mês recursos financeiros para viabilizar a estrutura de capacitação dos voluntários. De outubro de 2004 a setembro de 2005, o Ministério da Saúde destinou mais de R$ 19 milhões ao programa.