Para secretário paulista, só combate à lavagem de dinheiro impede atuação de facções criminosas

24/08/2006 - 21h42

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, disse hoje (24) que “o único caminho que falta” para se impedir a atuação das organizações criminosas é fazer uma avaliação das contas bancárias dos integrantes das facções e “estancar” esse dinheiro, que abasteceria o crime. A idéia, acrescentou, é dar prioridade ao combate à lavagem de dinheiro para “secar a fonte” das organizações criminosas.Hoje (24), o secretário entregou a autoridades federais um CD contendo uma lista com 110 nomes de suspeitos de lavagem de dinheiro e participação em organizações criminosas que teriam provocado os ataques dos últimos meses no estado. A entrega foi feita durante reunião do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) no quartel do Comando do Exército, no bairro Paraíso.Esse documento, depois de avaliado pelo GGI, será encaminhado ao Ministério Público, a quem caberá pedir a quebra de sigilo das organizações criminosas e o bloqueio de bens dos integrantes das facções. “O importante é que o Ministério Público Federal e a Justiça Federal também se envolvam nessa questão. Você não pode mais, como eu já disse dezenas de vezes, enviar o relatório e eles serem tratados muitas vezes como questão de evasão fiscal, de pagamento ou não de imposto. Mas com que dinheiro se pagou? De onde vem o dinheiro? Que tipo de operação gerou essa questão tributária? Isso precisa ser analisado”, disse o secretário, defendendo que a questão de lavagem de dinheiro deve ser tratada no âmbito federal.O secretário afirmou que está fazendo o possível para colaborar na solução da criminalidade em São Paulo: “Estou dando o mapa da mina: tal pessoa, ligada a tais contas, ligada a tais finanças, utiliza-se de tais mecanismos, com esses telefones. Mais que isso, impossível”.O GGI entrou em funcionamento na última quinta-feira, com o objetivo de reunir órgãos federais e estaduais no planejamento de ações policiais conjuntas para combater a criminalidade no estado. Na reunião de hoje, foram discutidas formas de combate à lavagem de dinheiro e de integração entre os serviços de inteligência estadual e federal.