Hospitais filantrópicos no país passam por crise, diz dirigente do setor

24/08/2006 - 8h57

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os hospitais e Santas Casasconsiderados filantrópicos estão vivendo uma das maiores crises já registradasno país. Hoje, o débito do setor com fornecedores e bancos, além do passivotrabalhista, é de R$ 1,8 bilhão. A informação é do superintendente da Confederaçãodas Misericórdias do Brasil, José Luis Spigolon. Segundo ele, a dívida foigerada principalmente em função da desatualização das tabelas de preços dosserviços do Sistema Único de Saúde pagos pelo governo.“É um processo que vem desdea criação e implantação do plano real. Desde esse período, houve um deságio dosserviços pagos pelo SUS de quase 10% ao mês. Os valores dos medicamentos e dosinsumos hospitalares aumentaram muito e o governo não repassou essa diferençapara as instituições filantrópicas”, disse Spigolon, em entrevista à Radiobrás.Para Spigolon, se o governonão reajustar a tabela em pelo menos 40%, grande parte dessas instituiçõescorrem risco de fechar as portas, principalmente nos pequenos municípiosbrasileiros. “Aí, seria um grande caos, já que muitos dos pequenos municípiostem apenas à disposição uma Santa Casa de Misericórida”, disse. Hoje existem noBrasil cerca de 2 mil hospitais e Santas Casas de Misericórdia que sãoconsiderados filantrópicos. Juntos, eles atendem 40% da demanda do SUS.O superintendenteacrescentou que hoje para cada R$ 100 que as instituições filantrópicas gastamcom um paciente do SUS, o governo repassa apenas R$ 60,00. “É uma defasagembastante alta, que ao longo dos anos se torna insuportável”. Há hospitais, porexemplo, como em Uruguaiana (RS) e Foz do Iguaçu (RS) que por esses motivos jáfecharam suas portas, destacou.Diversas propostas estãosendo debatidas entre representantes do setor para superar a crise. Além dacobrança de um reajuste de 40% dos preços da tabela, o setor também quer que ogoverno libere, de imediato, uma linha de credito especial para que asinstituições filantrópicas possam administrar suas dívidas, com juros maisacessíveis do que os praticados pelos bancos comerciais.Alémdessas reivindicações, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice presidenteda Confederação das Misericórdias do Brasil, disse que para manter asinstituições filantrópicas em funcionamento é necessária a aprovação noCongresso Nacional, em regime de urgência, da Lei Complementar (01/2003), quetrata de recursos destinados à saúde. Esta lei está em tramitação na Câmara dosDeputados.