Engenharia da USP avalia e elogia o projeto do computador de US$ 100

24/08/2006 - 14h09

Gabriel Corrêa
Da Agência Brasil
São Paulo - O projeto Um Computador por Aluno (UCA), que estuda a possibilidade de uso de computadores portáteis de baixo custo nas escolas públicas, foi avaliado positivamente e recebeu uma recomendação preliminar de que seja continuado até uma avaliação final. A sugestão foi feita pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (Cenpra) e pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), como resultado de uma avaliação da viabilidade tecnológica, econômica e pedagógica, solicitada em setembro de 2005 pelo Ministério de Ciências e Tecnologias (MCT).O projeto UCA nasceu como um estudo da proposta feita ao governo brasileiro, no início do ano passado, pela organização não-governamental One Laptop Per Child (Olpc – Um Computador Portátil por Criança), ligada ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), que pretende vender 1 milhão de computadores portáteis a países que ambicionam ampliar a inclusão digital nas escolas, com custo de US$ 100 por unidade.Em entrevista à Agência Brasil, Roseli de Deus Lopes, coordenadora da avaliação feita pela USP, disse que independentemente do governo comprar o lote de 1 milhão de laptops oferecidos pela Olpc, os pesquisadores e educadores brasileiros ganharão grandes possibilidades em pesquisa e desenvolvimento. “Esse protótipo muda paradigmas de aplicações”, afirma a professora da USP.Mesmo sem os protótipos dos aparelhos, a equipe da USP avaliou a proposta e as placas-mães que serão usadas nos computadores portáteis da Olpc. Uma das principais características desse computador é seu sistema de conexão sem fio, denominado Mesh. De acordo com avaliação da USP, basta que um computador esteja conectado à internet, para que todos demais aparelhos com mesma tecnologia, localizados a uma distância mínima, também tenham acesso ao conteúdo online, formando uma rede. “Além de ser portátil, os laptops estarão sempre conectados”, explica a professora da USP. Como sistema operacional, os computadores usarão um programa de software livre com linguagem Linux, sem custos de direitos autorais. As equipes que avaliam a placa-mãe estudam as possibilidades de desenvolvimento de softwares específicos para uso no Brasil. Sabe-se que eles não terão um disco rígido para armazenar dados, mas um drive para leitura e gravação de dados em CDs. Assim, o desempenho da máquina está ligado à sua memória de trabalho e aos programas que utilizará.A principal crítica ao aparelho é o fato de apresentar baixa performance em comparação com computadores portáteis convencionais. Porém, Lopes diz que, dentro das possibilidades, essa é uma boa oportunidade para promover a inclusão digital entre os estudantes brasileiros. “Hoje, é tecnologicamente possível, se eu quiser ter uma solução portátil e de baixo custo, que possa ser utilizada nas escolas”, defende.Sobre a possibilidade de produção no Brasil, a pesquisadora avalia que o país não tem parque tecnológico para produção de aparelhos com os mesmos recursos. “Hoje, seria mais barato comprar esses aparelhos do que montá-los, devido a questões tecnológicas e ao custo com a importação e montagem dos componentes”, conclui.