Secretário diz que crescimento desordenado das cidades favorece aparecimento da dengue

22/08/2006 - 19h18

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As grandes cidades representam, atualmente, o principaldesafio no combate à dengue no país, segundo entendimento do secretário deVigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. De acordo com ele,que participou hoje (22) do segundo dia do 11º Seminário Mundial de SaúdePública, o crescimento desordenado das cidades, sem o acompanhamento dainfra-estrutura necessária, viabiliza a proliferação do mosquito transmissor dadoença. “Nesses grandes aglomerados urbanos, a população dasperiferias tem dificuldade de acesso à água e precisa fazer reserva em barricase tonéis. Além disso, as casas são construídas com laje, que têm reentrâncias,e que também acumulam água. Há ainda o problema da coleta do lixo e aexistência de terrenos baldios que podem se tornar criadouros”, explicou. De acordo com Barbosa, o mosquito surge primeiro nascapitais e depois migra para as cidades menores. O secretário observou que a insegurança eleva o índice de recusa por parte dapopulação em receber os agentes comunitários em suas casas para eliminar osfocos do mosquito da dengue. Hoje essa recusa chega a chega a 30% das visitas.Ele lembrou o Rio de Janeiro, que sofreu em 2002 com uma epidemia da doença,tendo registrado aproximadamente 12 mil ocorrências em todo o estado. Os agentes de saúde, por outro lado, também têm receio dechegar até locais considerados socialmente perigosos, disse.Barbosa destacou, no entanto, os avanços dos últimos anos,como a parceria entre os Ministérios da Saúde e das Cidades, que permitiu aliberação, nos últimos dois anos, de R$ 600 milhões direcionados à construçãoou melhoria dos serviços de saneamento ambiental. “É a utilização mais racional e inteligente desses recursospara reduzir as áreas de proliferação do mosquito”, disse. Segundo o secretário, no entanto, é fundamental a mobilização popular, já queos criadouros do vetor são variados e “basta uma tampa de garrafa com acúmulode água para que o mosquito encontre um ambiente para se multiplicar”.O secretário adiantou que está sendo analisada uma propostade parceria entre o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e oInstituto Butantã, de São Paulo, para o desenvolvimento de testes, no Brasil,de uma vacina contra a dengue. Ele acredita, no entanto, que a criaçãodefinitiva da vacina ainda demore cerca de cinco anos.