Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A renda média da população brasileira sobe cerca de 12% em anos eleitorais - sejam eleições gerais ou municipais - para depois cair quase o mesmo percentual no ano seguinte. A constatação é da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou hoje (22) a pesquisa "Redistribuição à Brasileira: Ingredientes Trabalhistas”, elaborada pelo Centro de Políticas Sociais da fundação a partir da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).De acordo com o economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa, levando-se em conta praticamente todas as eleições verificadas entre 1982 e 2002, a prática é mais marcante nos governos municipais e estaduais. “Os dados mostram que os salários do funcionalismo público sobem em todos os níveis de governo, mas sobem menos no governo federal. O aumento médio do funcionalismo municipal e do estadual é de 8%, enquanto o do federal é de 3%”, disse.Neri lembra o fato de que o Brasil é ainda uma democracia jovem e, portanto, mais sujeita a políticas “oportunistas de aquecimento de economia", para gerar um fato positivo antes do pleito. Para ele, no entanto, a boa notícia é que artifícios como estes tem se tornado cada vez menos presentes nas últimas eleições. “Mas nas primeiras eleições pós-regime militar, em 82 e 86, e mesmo em 89, o artifício era mais marcante, embora ainda persista em menor escala”.Pela média dos anos verificados, segundo Neri, “o que os dados mostram é que o ganho mediano do brasileiro foi de 12% entre 1982 e 2002. Já no período pós-eleição, a perda foi de 11,9%. Ou seja: boas notícias em anos de eleitorais e a conta no período pós-eleitoral”.