Governo devolve terrenos e imóveis confiscados de imigrantes japoneses

22/08/2006 - 19h38

Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, assinou hoje (22) portaria de cessão de terrenos para a Associação Japonesa de Santos (SP). Os imigrantes japoneses e seus descendentes tiveram seus imóveis no município paulista confiscados pelo governo brasileiro durante a 2ª Guerra Mundial. A cessão, agora, segundo Paulo Bernardo, visa a reforçar a integração, além de difundir a cultura japonesa no Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou no Palácio do Planalto da cerimônia de assinatura da portaria, disse que essa decisão tem o sentido da "reparação histórica e da afirmação da paz e da cooperação entre os povos". Há quase 60 anos os terrenos e imóveis eram reivindicados pela comunidade japonesa em Santos.  

Lula lembrou que atualmente o Brasil possui a maior colônia japonesa do mundo: “Aproximadamente 1,5 milhão de japoneses e brasileiros de origem nipônica que vivem em nosso país”. E considerou lamentável o confisco do terreno onde funcionava uma escola para japoneses e brasileiros: “Entra para o rol de episódios de intolerância, discriminação e injustiça, que não fazem parte da índole brasileira, mas que infelizmente se materializaram em tempo de guerra”.

Os representantes da colônia japonesa de Santos entregaram ao presidente o calendário das comemorações pelo centenário da imigração para o Brasil, no dia 18 de junho de 2008. Lula afirmou que a decisão tomada hoje pelo governo já é o começo da festa: “Eu espero que depois de 18 de junho de 2008 a relação Brasil-Japão seja infinitamente maior e melhor do que nós tivemos até hoje”.

A área cedida, de acordo com o Ministério do Planejamento, inclui quatro terrenos e alguns prédios, entre eles um casarão na Rua Paraná da Vila Mathias, onde funcionava a sede da Associação Japonesa, e uma escola para crianças japonesas e brasileiras. O local, agora, abrigará projetos como um asilo para idosos e um centro cultural.