Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A relação entre educação, pobreza e trabalho infantil foi o tema principal da conferência de abertura do Seminário Internacional Educação, Pobreza e Desenvolvimento, apresentada pelo coordenador da Marcha Global contra o Trabalho Infantil, Kailash Satyarthi.O ativista indiano falou da necessidade de se implantar uma lei internacional que combata o trabalho infantil, a exemplo da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada por mais de 150 países em 30 de junho de 2000. A convenção 182 define as piores formas de trabalho infantil e a ação imediata para a sua eliminação. Satyarthi citou exemplos de trabalho infantil no mundo, como o caso das crianças que são jóqueis em corridas de camelos no Kwait. Elas são amarradas ao pescoço dos animais e, quanto mais gritam, mais fazem os camelos correrem. Para o indiano, a falta de escola obriga que pelo menos 280 milhões de crianças em todo o mundo sejam forçadas a trabalhar."As faces da pobreza combinadas com o analfabetismo, a ignorância e o trabalho infantil são conectadas. As crianças que estão trabalhando e estão fora da escola, se não tiverem educação gratuita não vão ter opção senão trabalhar, o que perpetuará sua situação de pobreza."Satyarthi apontou quatro fraquezas em relação ao problema do trabalho infantil no mundo: o déficit político, social, financeiro e moral de alguns países. Ele lembrou ainda que o combate ao trabalho infantil é uma meta invisível, porém existente, dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê educação básica de qualidade para todos. Segundo ele, o acesso de todas as crianças à educação básica significará também fim do trabalho infantil.No final do seminário, na próxima quinta-feira (24), será lançada a Carta Aberta à Sociedade e aos Governantes do Brasil pela educação.