Sete dos 29 assessores parlamentares acusados depõem na CPI dos Sanguessugas

03/08/2006 - 22h03

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A sub-relatoria de Investigações Parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas ouviu hoje (3) o depoimento de sete dos 29 assessores parlamentares acusados de recebimento de depósitos em suas contas bancárias ou de dinheiro em espécie, no esquema de compra de ambulâncias a preços superfaturados por meio de emendas ao orçamento. O sub-relator, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), informou que nenhum dos depoimentos isenta o parlamentar das investigações, "talvez porque alguns não falaram muito, mas em nenhum dos casos dá para assegurar que o parlamentar é inocente, até porque ninguém apresentou uma história plausível".Aleluia disse que os depoimentos revelam que as regras atuais em relação a aprovação e execução do orçamento precisam ser mudadas: "Temos que mudar isso radicalmente, desde a discussão e votação no Congresso Nacional até a execução final”.  Segundo o sub-relator, que conduziu os interrogatórios, a assessora do deputado Vanderlei Assis (PP-SP), Ana Alberga Christiane, confirmou ter recebido depósito em sua conta, a pedido do parlamentar, e depois repassado a ele o dinheiro. Segundo Aleluia, o deputado havia dito que o dinheiro era referente à venda de quadros. O sub-relator informou que outros depoentes confirmaram o recebimento de dinheiro, como pagamento por trabalhos de assessoria prestados na liberação de emendas. "As coisas que ouvi são muito graves, como passar R$ 700 mil para uma instituição localizada no Rio de Janeiro e que supostamente compraria dois ônibus para colocar computadores”, disse. Em outro caso, acrescentou, o parlamentar teria apresentado emendas para uma organização não-governamental que teria comprado ambulância para emprestar à prefeitura municipal. Aleluia contou que precisa ser checado o depoimento do assessor do deputado Ildeo Araújo (PP-SP), Marcos Antônio de Araújo, que mora em São Paulo, porque ele é acusado de ter recebido R$ 19.200 da Planam e negou esse depósito. Em relação ao depoimento do ex-assessor do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), Marcelo Cardoso de Carvalho, o sub-relator informou que “ele não colaborou, o depoimento é uma história complicada, ele negou tudo para não se comprometer mais ainda”. E que o depoimento deverá ser retomado, assim como o do assessor da deputada Teté Bezerra (PMDB-MT), Newton Sabaraense. Até a próxima terça-feira (8), deverão ser ouvidos os outros 22 assessores parlamentares, para que os sub-relatores apresentem um documento ao relator geral, senador Amir Lando (PMDB-RO), que pretende apresentar seu relatório na quinta-feira (10) à CPI dos Sanguessugas.