Lula envia cartas à ONU sobre situação no Líbano, informa Itamaraty

03/08/2006 - 23h37

Agência Brasil

Brasília - O Ministério das Relações Exteriores informa, em nota, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou hoje (3) cartas sobre a situação no Líbano ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, e aos chefes de Estado ou de Governo dos cinco membros permanentes e dois não-permanentes do Conselho de Segurança – China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússi, além de Argentina e Peru, que representam no momento a região da América Latina e Caribe.Na carta a Annan, o presidente afirma que "o Brasil se sente diretamente atingido pela violência contra civis na região, que vitimou sete cidadãos brasileiros, inclusive crianças". E que se associa aos apelos do secretário-geral da ONU por "um cessar-fogo imediato, como condição necessária para que se possa buscar um acordo que forneça as bases para uma paz negociada, justa e duradoura entre Líbano e Israel".De acordo com o texto divulgado pelo ministério, Lula reitera que "é fundamental que o Conselho de Segurança aja com celeridade com vistas a pôr fim ao conflito". É a seguinte, na íntegra, a carta do presidente brasileiro ao secretário-geral da ONU:"O povo brasileiro vem acompanhando com extrema preocupação os acontecimentos no Líbano. Como Vossa Excelência sabe, o Brasil congrega o maior número de libaneses e seus descendentes fora daquele país. No Líbano, reside expressiva comunidade de nacionais brasileiros. Igualmente, há importante comunidade judaica no Brasil, bem como numerosos brasileiros em Israel. É para nós motivo de orgulho e satisfação a convivência harmoniosa entre judeus e árabes em nosso país.O Brasil se sente diretamente atingido pela violência contra civis na região, que vitimou sete cidadãos brasileiros, inclusive crianças. Repudiamos o terrorismo, não importa sob que justificativa, mas não podemos deixar de condenar, nos termos mais veementes, a reação desproporcional e o uso excessivo da força que tem resultado na morte de grande número de civis, inclusive mulheres e crianças, e na destruição da infra-estrutura do Líbano. Foram igualmente motivo de profunda consternação os ataques que levaram à morte de quatro observadores da UNIFIL. Aproveito a oportunidade para transmitir meus sentimentos de pesar e solidariedade com as famílias das vítimas e todo o pessoal das Nações Unidas. Associo-me a seus apelos por um cessar-fogo imediato, como condição necessária para que se possa buscar um acordo que forneça as bases para uma paz negociada, justa e duradoura entre Líbano e Israel. É fundamental que o Conselho de Segurança aja com celeridade com vistas a pôr fim ao conflito. O Brasil estende seu apoio a iniciativas diplomáticas que contribuam para a cessação imediata das hostilidades. O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, está mantendo contatos com diversos interlocutores sobre o tema. Estou enviando para alguns países da região o Embaixador Extraordinário do Brasil para o Oriente Médio, Affonso Celso de Ouro-Preto, com vistas a expressar o apoio brasileiro a uma solução para o conflito. Aproveito para renovar meus votos de elevada estima e distinta consideração”.