Professor diz que é necessário retomar construção de embarcações de grande porte

03/08/2006 - 8h57

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em entrevista à AgênciaBrasil, o professor de Engenharia Naval da Coordenação dos Programas dePós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), FlorianoPires, ao ressaltar o momento de recuperação da indústria naval, destacou anecessidade de dar o passo seguinte: retomar a construção de embarcaçõesoceânicas de grande porte.Para ele, a decisão daTranspetro, a subsidiária da Petrobras para o setor de transporte, seráfundamental para a consolidação deste processo de recuperação, na medida em quedisponibilizará encomendas de 42 navios petroleiros de grande porte aosestaleiros nacionais, envolvendo recursos  de mais de US$ 3 bilhões.“Os contratos da Transpetroestão sinalizando para a recuperação da capacidade de produção de naviosoceânicos. A consolidação destes contratos será fundamental para estarecuperação, na medida em que embute um volume de encomendas suficiente paradar ocupação aos estaleiros nacionais por um período razoável. Dará escala deprodução na aquisição de insumos e reduzirá custos”.Ao falar das plataformasP-51 e P-52, que estão sendo visitadas nesta quinta-feira pelo presidente Lula,o professor da Coppe ressaltou o fato de que a construção das unidades no paíscomprova a capacitação elevada de nossos estaleiros. “São obras muitosofisticadas. De grande complexidade e que mostram o nível de capacitação muitoelevado da nossa engenharia naval”.Para Pires, é preciso, noentanto, aproveitar a oportunidade para dar competitividade à nível internacionalà industria brasileira. “O momento é particularmente significativo, a indústrianaval mundial está aquecida e os estaleiros abarrotados de encomendas a preçoselevados e prazos longos de entrega”. Para o professor, porém,ainda falta a mesma definição em torno de uma política nacional que levou osetor a enfrentar uma grave crise por cerca de duas décadas.“Houve iniciativas aqui eali, que junto com fatores externos levou ao agravamento do quadro no passado.Mas ainda faz falta à existência de uma política nacional definida para o setor”.O professor destacou que aindanão existe essa política no país, apesar do esforço que faz, por exemplo, o BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES) para criar condiçõesviáveis de financiamento. “O próprio Ministério dos Transportes está seempenhando, estamos vendo isto, todos estão, mas acho que ainda falta umapolítica integrada, com mecanismos estáveis e de longo prazo. Mas as coisasestão andando, as perspectivas são muito boas”.