Presidente da CPI avalia que depoimento de empresário é suficiente para responsabilizar parlamentares

03/08/2006 - 19h43

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após sete horasde depoimento do empresário Luiz Antônio TrevisanVedoin, sócio da Planam, o presidente da CPI dos Sanguessugas,deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) , avaliou que osdetalhes são “suficientes” para responsabilizar um “grandenúmero” de deputados e senadores investigados por fraudes nacompra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento.“Para mim, foi umaconfirmação da prova que já é suficientepara responsabilizar um elevado número de parlamentares. Euacho que isso é inquestionável, mas não possoagora dizer exatamente quantos são”, disse o deputado aofinal do depoimento, que aconteceu na sede da Polícia Federal,em Brasília. “Não se admite que os parlamentaressejam sócios de emendas do orçamento. Isso éinadmissível.”Segundo Biscaia, Vedoin disse quevários parlamentares participaram de reuniões paradiscutir valores de propina e elaboração de emendas.“Evidentemente, é uma reunião organizada para umesquema de corrupção e de utilização deemendas parlamentares. Eu tenho avaliação de que esseparlamentar que participou da reunião está incriminado,sem dúvida alguma. Mas vamos aguardar o relatório, queserá apresentado de acordo com a convicção darelatoria”, esclareceu.Biscaia disse ainda que Vedoimdetalhou como funcionavam as fraudes e disse que a participaçãono esquema era uma “questão de disputa de mercado”. "Se elenão agisse dessa maneira, não conseguiria avançarcomo atividade comercial”, relatou o deputado em referência ao depoimento do empresário.O deputado JúlioDelgado (PSB-MG) disse que, segundo Vedoim, a Planam queria ampliar aárea de atuação passando a agir, também,no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). “Eledisse que já estava saturado o mercado de ambulâncias eia começar a atuar na área de inclusão digitalquando o esquema foi descoberto”, disse.No depoimento,surgiram também os nomes de outras empresas que atuavam damesma forma que a Planam. Entre elas, a empresa KM, que em Pernambucoatuava na área do MCT. “Em alguns estados nós nãoencontramos a Planam. Vedoim nos disse que era porque haviaatuação de outras empresas. Uma não entrava nomercado da outra”, explicou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Opresidente da CPI disse que essas empresas serão investigadasna segunda fase dos trabalhos.Na próxima quinta-feira,a CPI vai apresentar o relatório parcial da primeira fase dostrabalhos. Nele estarão os nomes dos parlamentares acusados deenvolvimento com as fraudes.