Agência Brasil
Brasília - AOperação Sanguessuga da Polícia Federal,realizada após investigação do MinistérioPúblico no Mato Grosso, conseguiu desarticular uma quadrilhaque fraudava licitações para a compra superfaturada deambulâncias com recursos públicos. O esquema tinharamificações nas prefeituras, em associaçãode municípios, em empresas de fachada, no Ministério daSaúde e até dentro do Congresso Nacional. Após aoperação e a pressão de alguns parlamentares,foi criada uma comissão de inquérito dentro doparlamento para investigar o assunto.Formada por 18 senadorese 18 deputados, a CPI dos Sanguessugas tem o mínimo de 60 diase o máximo de 180 para concluir e votar um relatóriofinal de investigação. O presidente e o relator dacomissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) e senadorAmir Lando (PMDB-RO), dividiram o trabalho com uma vice-presidênciase cinco sub-relatoriais para ampliar as frentes de investigação.Também foram solicitadas cópias do que já foiinvestigado pelo Ministério Público, ControladoriaGeral da União, Tribunal de Contas da União e PolíciaFederal.Como as investigações tambémestão sob a coordenação do MinistérioPúblico Federal, 57 deputados e senadores já enfrentaminquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).Outros 33 foram notificados exclusivamente pela CPI dos Sanguessugaapós indícios de envolvimento que foram identificadosno depoimento oficial do empresário Luiz Antonio TrevisanVedoin, um dos donos da Planam, acusada de ser uma das articuladorasdo esquema de fraudes. Hoje (3), com o novo depoimento doempresário, os parlamentares esperam tirar dúvidas querestaram de informações anteriores.Segundo odeputado Raul Jungmann (PPS-PE), pode ser o levantamento maiscompleto sobre o esquema de corrupção. "Primeiro,porque fecha as conclusões a respeito dos parlamentaresenvolvidos. Segundo, porque abre o futuro capítulodefinitivamente, que é sobre o Executivo e sobre asprefeituras", disse ao chegar na sede da Polícia Federal.Ogrande desafio a partir de agora é cruzar informaçõesde depoimentos dos envolvidos, extratos bancários e aspróprias emendas parlamentares para provar quais osparlamentares e assessores culpados. Uma das linhas de investigaçãofoi divulgada pelo sub-relator de Sistematização,deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A idéia é checar assenhas que cada parlamentar recebe ao apresentar uma emenda noMinistério da Saúde com as licitaçõesvencidas pela Planam nos municípios. Isso permite saber sehouve influência dos fraudadores em cada caso.Comohouve denúncias de que as fraudes podem até chegar aoutras áreas como educação e inclusãodigital, o relator e o presidente da CPI decidiram que o relatóriovai se concentrar na questão das emendas para saúde. Oobjetivo é tentar votar um relatório ainda em agosto e,caso haja indícios que comprovem crimes de parlamentares, acomissão vai encaminhar o assunto para a Mesa Diretora daCâmara. Esta, por sua vez, pode encaminhar a denúncia aoConselho de Ética, responsável pela análise daquebra de decoro e a sugestão de uma possível cassação.