Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A chegada do inverno poderá dificultar a ajuda humanitária no Líbano, afirmou hoje (3) o representante no Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Luis Varese. “A situação no Líbano é verdadeiramente trágica, mas a tendência do ponto de vista humanitário é piorar”.Segundo Varese, com a queda de temperatura nos últimos meses do ano, os gastos devem aumentar. “Começa o inverno e o custo da assistência aos refugiados praticamente triplica, porque você tem que considerar calefação, suplementos de nutrição, mais abrigos. E se o conflito continuar, vai ser pior ainda”, alertou, em entrevista coletiva. Como o Líbano fica no Hemisfério Norte, as estações do ano são invertidas em relação ao Brasil.Varese informou que, até agora, três famílias de libaneses pediram refúgio formalmente ao governo brasileiro. “Os outros que chegaram do Líbano não estão em condição de refugiados porque são brasileiros, não precisam de um status jurídico especial”, explicou.De acordo com a assessoria de comunicação do Acnur, 880 mil pessoas já foram deslocadas desde o início do conflito no Líbano, em 12 de julho. A estimativa é que 550 mil estejam com familiares e amigos, 130 mil alojados em abrigos e 200 mil tenham ido para a Síria, que faz fronteira com o Líbano. A cada dia, cerca de 10 mil partem para a Síria, estima o Acnur.O representante da organização informou que no sul do Líbano, região mais afetada pelos ataques israelenses, três em cada quatro libaneses tiveram que deixar suas casas. “O que está acontecendo é um horror”, afirmou Varese.Ele condenou as ações contra alvos civis. “Se você atira uma bomba no meio de um edifício, no meio da cidade, está muito consciente que está matando a população civil”. Segundo cálculos da Acnur, cerca de 500 pessoas já morreram no Líbano e 50 em Israel, a maioria civis, embora o governo libanês fale em mais de 900 vítimas fatais.