Família ficou quatro dias no porão de uma escola libanesa até conseguir fugir

26/07/2006 - 21h35

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre os brasileiros que fugiram do Líbano e devem voltar ao Brasil até o final da semana, uma família em especial passou por grandes dificuldades. Uma mulher e seus cinco filhos ficaram durante quatro dias no porão de uma escola, sem comer direito, até poderem sair e encontrar a representação diplomática mais próxima do local. Agora estão na Turquia, esperando a hora de embarcar. A informação foi dada hoje (26) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à TV Nacional.Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), há cerca de 80 mil pessoas que ainda não conseguiram sair da zona de conflito e precisam de ajuda humanitária emergencial. Entre elas, pode haver brasileiros. De acordo com o porta-voz no Brasil, Luiz Fernando Godinho, essas pessoas não têm condições mínimas de higiene e não conseguem se alimentar direito.“As pessoas não possuem locais adequados para se abrigar e as condições sanitárias são precárias. Falta comida, cobertor, é uma série de necessidades. Sem contar o estresse por estarem na zona de perigo”, explicou.O porta-voz disse que o Acnur tem 40 caminhões na fronteira entre a Síria e o Líbano com mantimentos que não podem entrar em território libanês porque não foi dada garantia de segurança para o transporte. “Os caminhões estão com 20 mil cobertores, 20 mil colchões, milhares de tendas, abrigos plásticos, utensílios de cozinha, água potável para se entregue às pessoas que estão na zona de conflito. Enquanto não houver garantia de segurança para o transporte desses mantimentos, a operação não será realizada”.Celso Amorim também falou de uma senhora brasileira que passa pela terceira guerra no Líbano e só desta vez contou com apoio do governo brasileiro para fugir. Ela está em Adana, na Turquia, de onde os aviões da Força Aérea Brasileira estão partindo para trazer as pessoas.Segundo informações do Itamaraty, 1.379 pessoas já saíram do Líbano, somando-se as que contaram com ajuda do governo e as que se viraram por conta própria – 400 vieram para o Brasil a bordo dos aviões da FAB. Mais três vôos estão programados até sábado e devem trazer mais de 400 pessoas de volta.