Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil
Fortaleza - O Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf) recebeu elogios e críticas durante debate sobre seus dez anos de existência, hoje (26), no campus da Universidade de Fortaleza. O tema foi discutido no 54º Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural.Para uma platéia formada por especialistas no assunto, o professor Ricardo Abramovay, da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, reconheceu que “houve uma conquista importante nos últimos dez anos e que, durante este governo, a conquista foi aprofundada por um aumento na quantidade de recursos dirigidos ao Pronaf e na quantidade de agricultores beneficiados”. O crédito viabilizado pelo programa atualmente é de cerca de R$ 10 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário.Abramovay defendeu os subsídios à pequena agricultura, pois trata-se de “uma atividade instável”. Mas criticou o que chamou de excesso. “O subsídio excessivo faz com que não haja qualquer relação entre o dinheiro e o que vai se fazer efetivamente com ele, ou seja, reduz a responsabilidade do tomador de empréstimo”.O professor observou ainda que “ninguém é responsável pelo resultado”, o que, segundo ele, é uma característica das políticas públicas voltadas aos pobres. “A gente fica com a impressão de que, no nosso país, as políticas inteligentes, criativas, bem boladas, são dos ricos. As políticas para os pobres são políticas em que o mais importante é fazer o recurso chegar ao pobre. Como, de que maneira, que incentivo ou distorção vai gerar, a gente vê depois. Essa é a mentalidade que tem que acabar”.Abramovay disse, porém, não ter dúvida de que o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini, está buscando as inovações que o Pronaf precisa para ser um “programa real de geração de renda em condições de inovação produtiva”.Bianchini elogiou o debate e reconheceu a necessidade de melhorar os resultados obtidos pelos agricultores familiares com os financiamentos recebidos. Para ele, os indicadores qualitativos devem evoluir a partir da organização das próprias comunidades. “Onde há maior presença de organizações de agricultores, de conselhos locais, de arranjos territoriais, esses créditos já estão demonstrando sinais evidentes de agregação de renda, de desenvolvimento local, de movimentação do mercado e de dinâmicas positivas, até de crescimento populacional”.O secretário lembrou que o Pronaf foi criado há dez anos, com crédito de cerca de R$ 200 mil, e hoje o valor já chega aos R$ 10 bilhões.