Fracasso de negociações na OMC não deve influenciar contato entre delegações, avalia Itamaraty

26/07/2006 - 16h06

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fracasso das negociações da Rodada Doha e a conseqüente suspensão dos trabalhos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) não devem acarretar a paralisação dos contatos informais entre as várias delegações, afirma o ministro Roberto Carvalho de Azevêdo, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty."Os vários agrupamentos, como o G-20 [bloco de 20 países surgido na reunião da OMC em Cancún, no México] e Nama 11 [non-agricultural market access, acesso a mercados não-agrícolas], dos quais o Brasil faz parte, não devem paralisar seus trabalhos. Acho que devem continuar trabalhando, refletindo e pensando em possíveis alternativas no curso de ação que possam superar o impasse que vivemos hoje", afirmou em entrevista coletiva.Segundo ele, a reação do governo brasileiro é de decepção. "Não é o desfecho que procurávamos", afirmou. O resultado, segundo ele, não significa o encerramento da rodada, mas apenas uma suspensão e a expectativa é de que os trabalhos sejam retomados, embora não haja um prazo definido. "Esse é um momento de reflexão, de avaliação nas várias capitais sobre qual seria o momento oportuno para a retomada desse trabalho".Um ponto importante agora, de acordo com Roberto Carvalho, é garantir que os ganhos acumulados durante anos de negociações não sejam perdidos. "Houve avanços e a expectativa é de que consigamos manter esses avanços. Que não haja retrocessos nas posições negociadas".Apesar de afirmar que as negociações bilaterais e plurilaterais não devem ser paralisadas, o ministro lembra que alguns temas em discussão na OMC não podem ser resolvidos em outros foros. São exemplos o subsídio agrícola e a propriedade intelectual. "O sistema multilateral de comércio continua sendo a prioridade do Brasil e nós continuaremos tentando retomar a negociações no mais breve prazo possível".A Rodada Doha foi criada em 2001 com o objetivo de promover a abertura do mercado global especialmente para aumentar a participação dos paísesem desenvolvimento no comércio exterior. A partir de 2003, quando os temas agrícolas e industriais foram introduzidos nas discussões, a rodada travou.O nó está na proposta de redução dos incentivos internos aos produtores agrícolas e redução das tarifas aplicadas por cada país para a entrada de produtos agrícolas e industrializados em seus mercados.