Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Representantes de entidades de direitos humanos estão trabalhando para impedir a execução da segunda ação de despejo de 500 famílias de agricultores ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do engenho São João, em São Lourenço da Mata, a 16 quilômetros do Recife. A área, de 578 hectares, pertence ao grupo Votorantin, que ganhou na Justiça o direito a reintegração e posse do imóvel. O acampamento dos agricultores é conhecido como Chico Mendes. Uma comitiva formada por Dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra, Flávio Valente, relator para Direitos Humanos de Alimentação, Água e Terra Rural, deputados estaduais e advogados da organização não-governamental Terra de Direitos e do Movimento Nacional de Direitos Humanos reuniu-se ontem (25) com o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Fausto Freitas, para relatar o caso e pedir providências. De acordo com Joba Alves, da coordenação estadual do MST, Freitas assegurou que vai fazer contatos com o juiz da comarca de São Lourenço, José Gilmar, e solicitar um prazo maior para o cumprimento do mandado de reintegração. Alves disse que os trabalhadores foram despejados da área em julho de 2005, “quando os barracos e as lavouras foram destruídos com violência”. Em abril deste ano, segundo ele, as famílias voltaram ao local e estão determinadas a ficar lá até que o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apresente uma solução definitiva para o impasse.A superintendente do Incra em Pernambuco, Maria de Oliveira, afirmou que vai continuar insistindo na possibilidade de suspender a ação de reintegração de posse para que a área, já declarada improdutiva, seja destinada à reforma agrária. Segundo ela, as negociações para evitar o despejo das famílias estão em fase de andamento.