Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília -
O Brasil aposta na continuidade das negociações junto a Organização Mundial do Comércio (OMC) e vai manter a pauta que vem propondo há vários anos para ampliar o acesso de produtos brasileiros no mercado internacional, disse hoje (26) o ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes.No último domingo (23), a OMC decidiu suspender, por tempo indeterminado, as negociações sobre a alteração das condições atuais do comércio internacional, o que foi considerado mais um fracasso na tentativa de se firmar um acordo de liberalização do comércio que está em discussão desde 2001. Naquele ano foi criada a chamada Rodada de Doha, com o objetivo de promover a abertura do mercado global, especialmente para elevar a participação dos países em desenvolvimento no comércio exterior e assim combater a pobreza. Desde que temas agrícolas e industriais foram introduzidos nas discussões, a rodada travou, mas esta foi a primeira vez que o processo foi é formalmente suspenso.Para o ministro, apesar do impasse nas negociações, a questão ainda não está encerrada. “Nós mantemos a expectativa de possamos rever essa situação.” Em entrevista coletiva à imprensa, o ministro explicou os principais pontos que estão barrando o avanço das negociações e que constituem a pauta de reivindicações, não só do Brasil, mas também de países em desenvolvimento que têm grande produção agrícola, o bloco conhecido como G-20. São eles: a redução das barreiras fiscais e sanitárias impostas pela União Européia para a entrada de produtos estrangeiros, diminuição dos incentivos americanos para produção agrícola interna e ainda, limitação dos subsídios que são dados a exportação de produtos europeus.Guedes considerou a hipótese do Brasil vir a optar pelas negociações bilaterais, ou seja, país a país, mas somente em último caso, pois a prioridade é o sistema multilateral de comércio. “O Brasil sempre foi um defensor de que essas negociações seriam mais amplas via OMC. Nosso esforço é no sentido das negociações amplas, só se não houver alternativa nós caminharíamos em direção dos acordos bilaterais”, afirmou.Ele admitiu que as discussões estão se prolongando além do desejado, mas atribuiu a demora à complexidade do que está em jogo. “São negociações complexas, os interesses são muito fortes. Essas negociações são historicamente longas”, argumentou. Segundo o ministro, o país vai continuar seguindo a postura do G-20, de manter a atual pauta de negociações. “O Brasil não atua sozinho, a articulação se dá em conjunto com esse grupo de países, e essa é a ótica preferencial desse conjunto”, afirmou o ministro.A despeito do pouco avanço das negociações, Luis Carlos Guedes acredita que o Brasil pode continuar ampliando suas exportações com o aumento da produtividade que vem sendo alcançado graças ao emprego de novas tecnologias desenvolvidas no país e também por meio da retomada de investimentos na infra-estrutura de transportes para baratear os custos com o escoamento da produção que hoje são muito altos por causa das deficiências de rodovias, ferrovias e do funcionamento dos portos.