Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No Palácio do Planalto, durante a cerimônia para a sanção da Lei da Agricultura Familiar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou o Brasil tem condições de que a agricultura familiar possa conviver com o agronegócio. A afirmação foi uma resposta à posição do representante da Via Campesina, Altasir Bunde, que estava presente na cerimônia e afirmou em seu discurso que os modelos da agricultura familiar e o do agronégocio são contraditórios.“Isso é algo que precisa ser mudado. Porque é na concentração fundiária, nas empresas multinacionais que se produz a desigualdade social no campo”, disse Bunde. Já o presidente Lula aproveitou a crítica para dizer que os dois modelos não são incompatíveis. “A agricultura familiar é muito importante, e eu volto a repetir aqui: ela não é incompatível com a agricultura empresarial. Feliz do Brasil que tem dois poderes extraordinários de produção no campo como nós temos”, afirmou.Lula também disse que as diferenças fazem parte do processo democrático e que assim como os agricultores familiares fazem suas críticas ao governo, os grandes produtores rurais também fazem suas reivindicações. “Temos a clara compreensão do que são as reivindicações. Nós também temos que perceber que faz parte do jogo político, senão nós não construiríamos a democracia”, explicou o presidente. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a lei sancionada pelo presidente institui a Política Nacional de Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. A lei prevê articulação de políticas da agricultura familiar com as políticas agrícolas e de reforma agrária, que beneficiarão cerca de 4,2 milhões de famílias de agricultores.