Itamaraty explica por que retirou menos de 500 brasileiros do Vale do Bekaa

24/07/2006 - 21h14

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Itamaraty pretendia tirar mais de 500 brasileiros do Vale do Bekaa hoje (24), região considerada de difícil acesso no Líbano, mas acabou resgatando 439. O embaixador Everton Vieira, coordenador do grupo de apoio, explica que a diminuição ocorreu porque alguns não aparecerem para o embarque, aparentemente por medo dos perigos que poderiam enfrentar no longo caminho.O que eles não sabiam é que o trajeto seria mais curto que o previsto. Segundo o embaixador, o governo brasileiro conseguiu negociar com Israel que a retirada dos brasileiros fosse feita pela fronteira leste, pela qual o percurso em direção à Síria é de pouco mais de uma hora e meia, e não mais pela fronteira norte, por onde a viagem poderia ser de até 13 horas.De acordo com Vieira, a intermediação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, junto às autoridades israelenses foi fundamental para a mudança ser concretizada. “Essa é uma situação complexa, que envolve segurança e mudanças repentinas no terreno, mas acredito que o fato de termos logrado mudar este caminho da fronteira norte para a oriental demonstra que houve um diálogo construtivo e um espírito de cooperação”, declarou, em entrevista coletiva.O embaixador informou que um primeiro comboio, de seis ônibus, transportando 295 pessoas, deixou o Vale do Bekaa na manhã de hoje em direção a Damasco, e outro à tarde, com 144. O Itamaraty estima que mais mil de brasileiros estejam na região querendo fugir para o Brasil.Desde o início dos ataques de Israel ao Líbano, há quase duas semanas, 854 brasileiros já foram resgatados, informou Everton Vieira – 403 foram retirados de Beirute, capital do Líbano, em direção a Adana, na Turquia; 142 saíram de Damasco (Síria) também rumo a Adana; e 309, do Vale do Bekaa para Damasco.O segundo vôo da FAB, trazendo 122 brasileiros, chegou hoje ao Brasil. O terceiro, com capacidade para 80 pessoas, decolou à tarde de Adana em direção a São Paulo. Na quarta e na quinta-feira, mais dois deixam a Turquia.O embaixador informou também que dois aviões da TAM resgatarão 550 brasileiros em Damasco ao longo desta semana. Segundo ele, os custos estão sendo compartilhados entre a TAM e a Gol.Vieira disse ainda que as operações de resgate estão sendo realizadas com cautela e, por essa razão, não se pode estimar sua duração. “Nossa expectativa é retirá-los o mais rápido possível”.