PCC quer protestar contra endurecimento de prisões, avalia pastoral

14/07/2006 - 23h09

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho, diz que os recentes ataques de violência em São Paulo são uma demonstração de força contra o Estado e uma manifestação contra as políticas de repressão policial e endurecimento de penas. “Acredito que a prioridade seja deslegitimar a estrutura do Estado, desmoralizar a política aplicada em São Paulo”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.José de Jesus considera um erro “jogar os ataques para a questão eleitoral” e fala que a violência em São Paulo é culpa de todos os governos, federal e paulista, e de todos os poderes, Judiciário, Legislativo e Judiciário. Mesmo com essas ressalvas, José de Jesus considera que o governo estadual está “praticando uma violência institucional que leva a uma reação”. “É a violência que gera violência”, afirma.Ex-governador paulista por dois mandatos, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) concorda que os ataques são uma resposta ao governo estadual. Mas defende a política do governo paulista. Ontem (13), no Congresso Nacional, Alckmin atribuiu a onda de violência criminosos à atuação firme, de seu governo, no combate à criminalidade. “Os ataques do PCC [Primeiro Comando da Capital] são uma iniciativa de intimidar o Estado por conta das ações firmes que vinham sendo tomadas contra o crime organizado”, afirmou. O governo paulista aplica o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em que presos considerados perigosos têm seus direitos reduzidos. O candidato Alckmin defende uma legislação que torne mais rigoroso o RDD.José de Jesus considera que o governo do Estado de São Paulo não avançou em políticas voltadas para a melhoria da situação da população carcerária. Por outro lado, intensificou a política de aprisionamento. A pastoral também critica a atuação do Judiciário que, na sua avaliação, transformou a prisão provisória em punição sem culpa, mantendo presos por até quatro anos pessoas ainda não condenadas. “Essa última manifestação do PCC foi uma reação diante da iminência de transferência de presos, de medidas de repressão como têm ocorrido em Wenceslau e Araraquara e mesmo a atitude de alguns juízes que dificultam a concessão de benefícios”, avalia.