Pastoral teme que violência aumente discurso da repressão

14/07/2006 - 22h04

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A nova onda de ataques criminosos em São Paulo deve “pautar” um discurso repressivo nas campanhas eleitorais deste ano, acredita José de Jesus, assessor jurídico da Pastoral Carcerária. “Essa violência vai pautar a campanha eleitoral para governo estadual e federal, para a Câmara e para o Senado”, afirma, em entrevista à Agência Brasil.“Acredito que as campanhas eleitorais, agora, serão voltadas para a ideologia da lei e da ordem e para o endurecimento das penas, o que é extremamente negativo”. Mas “infelizmente, a população quer esse discurso”, considera.José de Jesus acredita que os candidatos deveriam defender, por exemplo, a aplicação de penas alternativas em vez de propor a construção de mais presídios. “Quando o Estado prende alguém, ele está filiando essa pessoa ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Para que não haja mais arregimentação de membros para a facção criminosa, deve haver uma campanha contra o aprisionamento, principalmente dos primários, aqueles envolvidos pela primeira vez num crime”, critica.O assessor da Pastoral acredita que os discursos deveriam incluir, ainda, o compromisso de investimentos em uma ação policial “mais estratégica, menos truculenta e menos vingativa”.