Reunião do G 8 na Rússia discutirá impasse na liberalização do comércio mundial

14/07/2006 - 18h57

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O impasse na rodada de Doha será um dos assuntos discutidos na reunião do G 8 (grupo que reúne os sete países mais ricos e a Rússia), que tem início amanhã (15) em São Petersburgo, na Rússia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viaja nesta noite para participar do encontro, propôs às principais lideranças do grupo – como o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush; o primeiro-ministro britânico, Tony Blair; e a chanceler alemã, Angela Merkel – que o tema fosse incluído na agenda de segunda-feira (17), quando haverá participação dos países em desenvolvimento convidados para o encontro.  Também o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, pressionou para que o assunto fosse debatido pelos presidentes. Desde o fracasso da reunião de Genebra, no início do mês, Lamy iniciou negociações, especialmente com a União Européia e os Estados Unidos, na tentativa de salvar o projeto de liberalização do comércio mundial. "As negociações agora estão num nível de definição quase ministerial-presidencial, ou seja, será necessária uma decisão política. Tudo o que podia ser feito, do ponto de vista técnico, foi feito", disse à Agência Brasil o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini. Os Estados Unidos se recusam a reduzir os subsídios internos oferecidos aos produtores agrícolas, que hoje estão em US$ 20 bilhões por ano, e por isso a negociação está emperrada. A União Européia, por outro lado, aceitou reduzir em até 50% as tarifas de importação, mas não revelou os produtos que entrarão na lista de exceção. "Enquanto o Brasil tem uma tarifa máxima de 35%, a Europa chega a ter tarifas acima de 200% para determinados produtos, principalmente na área agrícola", comentou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Os países ricos querem, por outro lado, maior acesso aos mercados industriais dos países em desenvolvimentos. Esses, por sua vez, querem mais facilidades para entrar nos mercados agrícolas tanto da Europa quanto dos Estados Unidos. O secretário-executivo da Camex lembrou que o G 20 (grupo dos países em desenvolvimento) já cedeu no que diz respeito à entrada dos produtos industriais em seu mercado. "Somente moveremos mais na parte de concessão de acesso a este mercado se houver movimentos dos países ricos", afirmou.