Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Salvador - O Movimento Negro Unificado faz um balanço positivo da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, que termina hoje (14) em Salvador. Mas pede uma abertura ainda maior dos fóruns de discussão com a sociedade civil, por acreditar que os negros que vivem em favelas, vítimas de vários tipos de violência, não fazem parte das estruturas de representação social e não participam desse tipo de encontro.“A população negra que está na favela, que é vítima da bala perdida, do grupo de extermínio, do abuso de policiais civis e militares, essa população também precisa falar”, defendeu o coordenador nacional do movimento, Marcus Alessandro dos Santos Silva, em entrevista à Agência Brasil.Ele sugere um modelo de conferência descentralizado em que os chefes de estado sejam levados a conhecer as comunidades periféricas, para evitar maquiagem. “Que eles tenham acesso direto para ver qual é a realidade da população negra. Temos políticas públicas, mas ainda são insuficientes”.De acordo com Silva, é preciso ampliar os vínculos com os países africanos para além da conferência e a expectativa do movimento é que o governo brasileiro tenha outras estratégias para consolidar essas relações. “Num mundo globalizado, nós precisamos de ação em bloco. É muito importante que a gente consiga consolidar um bloco de países africanos e da diáspora para dialogar com mais força política no contexto internacional”.A conferência reuniu, desde terça-feira, mais 2 mil pessoas, sendo que cerca de 280 vieram da África. Foram debatidas as perspectivas de cooperação entre os países da África e as nações que receberam populações negras e hoje contam os afrodescendentes. Estiveram presentes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os chefes de estado de Gana, Cabo Verde, Jamaica, Botsuana, Guiné Equatorial e Senegal, além do vice-presidente da Tanzânia. Amanhã, ainda será realizado o fórum social da conferência, no qual serão desenvolvidas atividades complementares.