Bruno Bocchini e Paulo Montóia
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo -
O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifupesp), João Rinaldo Machado, informou hoje (13) que agentes penitenciários estão saindo armados, sem terem feito os cursos e testes necessários para a obtenção do porte de arma – e sob risco de prisão.
Machado explicou que os agentes estão tentando garantir a segurança, "torcendo para que saia logo o porte". E revelou suspeitar que tenha sido procurado por integrantes do crime organizado: uma pessoa tocou a campainha da casa dele e se identificou como agente penitenciário, mas não soube responder o número da unidade prisional em que trabalhava. O sindicalista contou que, depois de ter telefonada para a polícia, a pessoa fugiu.
O sindicato havia convocado para hoje paralisação nas 144 penitenciárias e centros de detenção. Segundo Machado, a paralisação teria atingido o complexo penitenciário de Campinas/Hortolândia, o maior do estado, e também o de Ribeirão Preto e Itirapina, cidades do interior. Os funcionários limitaram-se a entregar a alimentação aos presos, a fazer a segurança externa e a prover serviços médicos emergenciais. Os agentes reivindicam melhores condições de trabalho, especialmente de segurança.
A previsão do Sifuspesp é de que 40 a 50 unidades deverão aderir. "Não é uma retaliação contra os presos, nem contra as famílias deles. Nós estamos lutando pelas nossas vidas", afirmou Machado. Os agentes temem, acrescentou, rebeliões em série nos presídios paulistas no próximo final de semana. O sindicalista informou que uma ordem nesse sentido estaria sendo passada entre os presos e que as rebeliões poderiam ter a mesma dimensão das ocorridas em maio, na primeira onda de ataques.
Nesses primeiros ataques, atribuídos à facção Primeiro Comando da Capital (PCC), nove agentes morreram. Nos últimos dias, seis agentes foram mortos e dois estão internados.