Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor de relógios resolveu combater a pirataria propondo o fechamento das lojas que sejam flagradas vendendo produtos ilegais, com o argumento de que 38,9% dos relógios comprados no Brasil são fruto de contrabando. O pedido foi feito hoje (13), durante reunião com o Conselho Nacional de Combate à Pirataria, órgão ligado ao Ministério da Justiça.O setor pede uma legislação federal com punição “mais dura” para os comerciantes, segundo o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro. “Sugerimos que qualquer lojista pego pela fiscalização comercializando produto pirata, falsificado ou sem origem perca o alvará de funcionamento”.O presidente do conselho, Luiz Paulo Barreto, diz que apóia as iniciativas estaduais – Brasília, São Paulo e Manaus possuem projetos de lei em tramitação. Mas em relação à criação de uma lei federal, promete apenas “estudar a possibilidade”.De acordo com o Cieam, a Zona Franca de Manaus produzia 15 milhões de relógios por ano em 1995 e atualmente produz 5 milhões. Este montante representa uma pequena parcela do mercado, já que 18 milhões de relógios são vendidos no país anualmente, segundo Maurício Loureiro. Outros seis milhões são importados e sete milhões, contrabandeados.A maioria dos relógios contrabandeados vem do sudeste asiático – Hong Kong, Taiwan, China e Coréia – e chega aqui “por preços irreais, centavos de dólar, que não correspondem à realidade”, afirma Luiz Paulo Barreto. “Isso acaba sendo uma máscara de ilegalidade que provoca danos à economia brasileira”. Segundo ele, a concorrência reduziu o número de indústrias de 14 para 6 e o de empregos diretos, de 6 mil para 1,6 mil.O presidente do conselho nega que a carga tributária brasileira seja um elemento decisivo e que possa ser visto “isoladamente” na diferença de preço entre o relógio brasileiro e o importado, mas admite que a questão pode ser avaliada. “O conselho não está se furtando a receber da indústria um estudo mais detalhado e encaminhar para a área econômica”.A reunião com o setor de relógios é a primeira de uma série que o conselho pretende fazer com relação à falsificação. A seguir, serão ouvidos representantes das áreas de audiovisual, CDs, tênis e óculos. Segundo estimativas do órgão, o Brasil perde R$ 27 bilhões e 2 milhões de empregos por ano devido à ilegalidade.