Iniciativas educacionais dentro dos presídios precisam aumentar interesses dos presos, explica secretário

14/07/2006 - 15h57

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) doMinistério da Educação (MEC), Ricardo Henriques, explica que é preciso desenvolver açõespara aumentar o interesse dos presos brasileiros pelo ensino.Atualmente, apenas 18% da população carceráriado país desenvolvem alguma atividade educativa. Segundo oMinistério da Justiça, no Brasil há 361 milpresos.Para Henriques, é preciso partir doprincípio de que o ensino no sistema prisional não podese restringir ao método pedagógico tradicional. Duranteo Seminário Nacional pela Educação nas Prisões,o secretário defendeu a incorporação deelementos culturais às atividades educativas, para que ospresos se sintam mais estimulados.Naavaliação do secretário, essa seria uma mudançaestratégica. “Temos que fazer com que a pedagogia da práticaeducacional acione todas as técnicas - que jádesenvolvemos ao longo de décadas - de educaçãopopular, para integrar a questão das artes, da cultura, dolazer, à aprendizagem das disciplinas regulares e, portanto,atrair, esses na grande maioria jovens que estão no sistemapenitenciário para o ensino”, disse.Outro incentivo importante, no entendimento deHenriques, é o benefício da redução depena dos detentos em troca da continuidade dos estudos dentro dospresídios. Um projeto de lei que está em fase final deelaboração pelo Ministério da Justiçaprevê que, a cada 18 horas de estudo comprovado, os presosterão que cumprir um dia a menos da pena. “É precisoter um projeto claro de remissão de pena diante do esforçodo estudo”, defendeu o secretário.A professora de português Roseli Araújo, quedá aulas no Centro de Progressão Penitenciária,em Brasília, comprova aumento do interesse dos presos pelos estudos. Obenefício da remissão de pena já éaplicado no Distrito Federal. Na avaliação da professora, a proposta é boa, mas épreciso definir mecanismos mais eficazes de controle da freqüênciaescolar dos presos. “Esse controle, dentro de alguns ambientes deestudo, não está sendo feito de maneira rigorosa, paraque o aluno não seja prejudicado na hora de diminuir suapena”, afirmou.