Irene Lôbo
Enviada especial
Salvador - A Declaração de Salvador, documentofinal da 2ª Conferência dos Intelectuais da África e da Diáspora(Ciad), vai propor que o governo brasileiro e a União Africana,organizadores do encontro, criem o Centro Internacional daÁfrica e da Diáspora. O órgão deverá funcionar como ponto dereferência para ampliar a cooperação entre as organizações einstituições acadêmicas, intelectuais e artísticas da África e dospaíses com afrodescendentes, os chamados países da Diáspora.
No Centropoderão ser realizadas, em conjunto, reuniõessetoriais, seminários, projetos científicos, manifestaçõesartísticas e encontros de jovens, a fim de manter um diálogo entre osintelectuais africanos e da Diáspora, e criar um pensamento africanomundial. "É necessário que a União Africana dê seguimento ao quefoi resolvido há dois anos, em Dacar, de ela ativar umsecretariado dentro da Comissão da União Africana especializado para asquestões da Diáspora, as comunidades de origem africana que vivem forada África”, afirmou o coordenador internacional da conferência,embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares.
Oembaixador prevê uma ampliação das relações políticas do Brasil com aÁfrica após a realização da 2ª Ciad. “Com o encontro, o Brasil acelera,amplia as suas relações com a África, em particular com aorganização política principal do continente, que é a União Africana.Para a preparação dessa Conferência tivemos como parceiro principal aComissão da União Africana e isso abre um tipo de relacionamento quenão havia antes nesse nível”, afirmou Macedo Soares.
Odocumento pede ainda que a Unesco (Organização das Nações Unidas para aEducação, Ciência e Cultura) inclua em seu programa e orçamento de 2008e 2009, e em sua estratégia a médio prazo (até 2013), apoio para arealização das próximas Ciads.
Desdeterça-feira (11), a Conferência reuniu mais de 2 mil pessoas– 280 vindas da África. Num total de três mesas redondas e 12 grupostemáticos, foram debatidas as perspectivas de cooperação entre ospaíses da África e as nações que receberam populações negras. “Acrescente consciência de uma cidadania africana, com suas repercussõespolíticas, econômicas e culturais, e o entendimento dos Estados daÁfrica, reunidos em torno à União Africana, constituem elementosessenciais ao Renascimento Africano”, diz um trecho da Declaração deSalvador.
Além do presidente LuizInácio Lula da Silva, participaram da Conferência, entre outros, oschefes de Estado de Botsuana (Festus Mogae), Cabo Verde (PedroPires), Guiné Equatorial (Obiang Nguema), Gana (John Kufuor) e Senegal(Abdoulaye Wade), a primeira-ministra da Jamaica (PortiaSimpson-Miller), o vice-presidente da Tanzânia (Ali Mohammed Shein) e opresidente da Comissão da União Africana (Alpha Oumar Konare).
A próxima Ciad será realizada daqui a dois anos, em país ainda não definido no continente africano.