Líder do PT no Senado defende alguém do ramo no comando da Agricultura

28/06/2006 - 16h35

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), defende que o sucessor de Roberto Rodrigues no comando do Ministério da Agricultura continue o trabalho desenvolvido por ele nos últimos três anos, que foi "muito bom". Segundo a senadora, o ideal seria um substituto do setor.

Questionada se a saída de Rodrigues pode ter a ver com pressões de setores do agronegócio para que o governo crie compensações pelos prejuízos causados pela valorização do real, Ideli Salvati não poupou os ruralistas: "Quando o câmbio está lá em cima, o setor não reclama. Eles brigam pelo câmbio flutuante, mas desde que não os atinja. Quando navegam de vento em popa, não querem distribuir os lucros. Quando têm prejuízo, querem logo sua distribuição".

Para o líder da minoria no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), o ministro não teria aguentado "o turbilhão" que envolveu o setor agrícola, principalmente os exportadores, por causa da valorização do real. "Ele teve uma paciência ilimitada, esperou demais. A insensibilidade do governo federal com relação à agricultura queimou uma liderança do setor. A política agrícola, hoje, não é decidida no Ministério da Agricultura, mas no Ministério da Fazenda", afirmou Dias, que representa um estado em que a economia é basicamente agrícola.

O senador disse ainda que o governo não honrou uma série de promessas feitas aos agricultores, em resposta às reivindicações do ano passado, quando houve um "tratoraço" em Brasília. "A agricultura vive uma crise profunda cuja causa principal é a desvalorização cambial".