Milena Assis
Da Agência Brasil
Brasília - O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Espírito Santo, Ricardo Vereza, disse hoje (28) que aguarda o resultado de uma vistoria, marcada para sexta-feira (30), a fim de avaliar o desmatamento na área de preservação permanente localizada no Vale do Jacutinga, no estado.
No último dia 16, a empresa Aracruz, produtora de celulose, foi acusada de ter causado a queda de árvores nativas em 3,5 hectares da área, de onde retirou eucaliptos. "Vamos fazer um levantamento do corte de madeira nativa e a partir daí poderemos avaliar se autuaremos a empresa", afirmou Vereza. Ele informou que a Aracruz tinha uma autorização de 2001 para retirar eucaliptos na floresta que já pertenceu à Vale do Rio Doce, desde que o corte fosse seletivo, apenas de árvores com valor comercial.
Na época, acrescentou, a empresa fazia o corte individual de eucalipto com motosserras, mas hoje usa tratores: "A autorização não vale mais, considerando que a entrada das máquinas em áreas de preservação permanente destrói toda a vegetação natural existente e degrada a região".
De acordo com o diretor de Sustentabilidade e Relações Coorporativas da Aracruz, Carlos Alberto Roxo, o documento do Ibama não mencionava corte seletivo, apenas autorizava a retirada dos eucaliptos. "Mas assumimos nossa responsabilidade e já apresentamos um projeto para restaurar a mata nativa da área", disse. O prejuízo, acrescentou, é só em uma área de um hectare: "Após a denúncia, fomos ao local e verificamos a queda de espécies nativas, retiradas sem a intenção e contra a política da empresa de preservar a mata".
A denúncia contra a Aracruz foi feita pela comunidade de Jacutinga, no interior de Linhares (ES). A madeira foi apreendida e as atividades, embargadas pelo Ibama após a detecção de desmatamento. A Aracruz divulgou nota afirmando que o plantio de eucalipto nessa área foi feito antes de 1989, pela antiga proprietária, e aprovado pelo então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atual Ibama).
A nota informa ainda que a legislação na época estabelecia uma faixa de cinco metros de largura ao longo de cursos d'água com menos de 10 metros de largura. Em 1989, esse limite foi ampliado para 30 metros e os eucaliptos passaram a ocupar área de preservação permanente. O Ibama autorizou o corte para que as espécies nativas da região se regenerassem naturalmente.