Economia solidária é forma de produzir ''sem patrão'' e ''sem empregado''

28/06/2006 - 20h07

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A economia solidária ganhou força nos últimos anos, mas ela ainda precisa superar uma série de desafios, que estão sendo discutidos em Brasília na conferência nacional com participação da sociedade civil e do governo federal. O secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Paul Singer, avalia que um desses principais desafios é contribuir de forma "mais eficaz" para combater a pobreza e a miséria no Brasil. "A economia solidária pode e muito contribuir para reduzir a exclusão social, já que é uma forma de relacionamento econômico sem desigualdade de classe, ou seja, sem patrão e sem empregado, onde todos que trabalham são igualmente proprietários e sócios de um determinado empreendimento", disse.

Outro desafio que precisa ser superado, segundo Paul Singer, é elaborar políticas públicas - envolvendo os três entes federativos - mais direcionadas a essas iniciativas produtivas. Na avaliação do secretário municipal de Agricultura do município de Nova Canaã (RN), Álvaro Varella, para conquistar mais espaço no Brasil, este novo segmento econômico precisa também superar alguns gargalos do ponto de vista comercial. "Os nossos produtos da economia solidária precisam ser mais divulgados. É preciso criar uma logomarca e uma comercialização em rede, aonde os municípios possam divulgar seus produtos", disse Varella.

A economia social, que ganhou fôlego e se espalhou pelo Brasil na década de 90, é considerada uma prática social regida pelos valores da autogestão, cooperação, solidariedade e viabilidade econômica. Ela tem se consolidado como importante alternativa para milhares de trabalhadores que buscam espaço no mercado de trabalho. Hoje, são 15 mil empreendimentos que se organizam sob a forma de cooperativas, associações, empresas autegestionárias, redes de cooperação ou complexos cooperativos em torno de um único objetivo: promover a inclusão social de trabalhadores. Os empreendimentos econômicos solidários realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.